terça-feira, 1 de setembro de 2009

O Cadáver de Bluegate Fields

Título: O Cadáver de Bluegate Fields
Autor: Anne Perry
Tradução: Joana Chaves
Edição: Gótica
Nº de páginas: 341

"O Inspector Pitt move-se, mais uma vez, num mundo conservador, às portas da mudança, onde os "cavalheiros" da alta sociedade vitoriana estão acima de qualquer suspeita.
Um corpo é encontrado nos esgotos de Bluegate Fields, uma zona obscura da cidade de Londres. As primeiras investigações revelam tratar-se de um jovem aristocrata. O local e as circunstâncias não parecem fazer sentido. O Inspector Pitt, chamado a actuar, depara-se desde logo com o silêncio e a relutância da família. Subitamente, surge uma solução e é apontado um culpado. Um culpado demasiado óbvio e conveniente. São encontradas testemunhas, apresentadas provas e o culpado é acusado e condenado à forca. O caso é dado por encerrado. Mas Pitt não está totalmente convencido. Muito menos a intrépida Charlotte, que se empenha na procura da verdade e na luta por uma causa nobre e arriscada. E quando tudo parece irremediavelmente perdido, as paredes daquele mundo fechado de mentiras começam a ruir e a verdade é revelada."
Com o Cadáver de Bluegate Fields, Anne Perry consegue definitivamente transportar-nos para a Londres vitoriana, levar-nos pelas suas ruas, introduzir-nos não apenas na alta sociedade da época mas também nos meios mais simples e até no mundo do crime; tudo isto acontece através de uma escrita bastante simples, de diálogos que me pareceram adequados à época e de uma história que pouco tem de enfadonha. Digo pouco porque, em meu entender, há alguns momentos da narrativa nos quais a autora não consegue manter o ritmo, havendo pequenas quebras que muitas vezes parecem fáceis de evitar. Ainda assim, tal é amplamente compensado pelo conhecimento que Anne revela da época vitoriana e pela força de alguns dos personagens.
Confesso que o inspector Pitt, personagem principal da trama, não foi muito do meu agrado. É uma personagem bastante real, cheia de dúvidas e com alguma força mas não me parece que seja aquilo que esperávamos de um detective deste calibre. Já a sua mulher, Charlotte, encheu-me muito mais as medidas, revelando-se uma mulher forte e segura, que casou por vontade própria abaixo da sua condição social mas que não se verga, lutando por aquilo em que acredita.
A trama está bem construída, com vários desvios e introdução de elementos que levam o leitor a seguir diferentes linhas de raciocínio e evitando que este descubra o criminoso quase até à última página embora aquando da revelação final fiquemos com aquela sensação de que a solução sempre esteve ali à nossa frente... A tradução pareceu-me bastante boa ainda que tenha encontrado uma ou outra forma verbal menos correcta e alguns erros de impressão (estes últimos não por conta do tradutor, claro).
Recomendo a quem quiser uma leitura fácil e gostar de policiais e/ou romances de época.
6,5/10

Nenhum comentário:

Postar um comentário