terça-feira, 9 de junho de 2009

333

Autor: Pedro Sena-Lino
Editor: Porto Editora
Páginas: 184
ISBN: 9789720042743

Sinopse
Esta é a história de um livro e de todos os seus 333 exemplares impressos.
É a história secreta do impacto de um livro na vida de cada um dos seus leitores, e de como um rectângulo de papel pode transformar uma vida.

Opinião
Pedro Sena-Lino é um poeta com vários livros publicados, e 333 é o seu primeiro romance, fazendo aquilo que eu chamaria poesia em prosa.

Acho que a maioria dos leitores gosta de ler livros sobre livros, e eu não sou excepção. Portanto, a mini-sinopse acima é, no mínimo, cativante. Esta é a história de um livro muito especial e do destino que tiveram os seus 333 exemplares. Escrito por uma freira portuguesa e impresso em Milão, o livro é uma compilação de cartas plenas de sentimento. Entre todos os exemplares, alguns perderam-se, outros nunca foram lidos e muitos tiveram um triste fim; porém, vários deles mudaram para sempre a vida de quem os leu, tornando-se difícil distinguir onde acaba a história do livro e começa a vida do leitor, tal é a ligação criada entre ambos.

E assim decorre o livro, descrevendo o destino dos livros, em histórias mais curtas ou mais longas, como pequenas peças que se vão juntando para formar o belo puzzle final, sendo a cola a bela escrita de Pedro Sena-Lino, que é uma autêntica lufada de ar fresco. Este livro é ainda, tal como o autor refere, uma homenagem às mulheres escritoras que, ao longo dos séculos, lutaram contra a discriminação a que foram votadas.

Termino com uma pequena passagem que retirei do livro e que muito me agradou:
Quando um livro se abre, solicita-nos, pede-nos. Convoca-nos: não estamos apenas no voltar das páginas, ou a segurá-lo. Implica esse gesto que o agarremos no nosso interior, que lhe demos um mundo onde exista, onde alicerce o seu. Abre-se porque precisa do que o leitor é e lhe dá. O livro é vivo pela vida do leitor. E, por isso, não se abre logo; revela-se, tanto quanto dois mundos se tocam ao final das suas geografias - e aí, apenas nesse lugar onde dois extremos se ligam, se cria o imaginário, a eternidade dos vivos.
8/10 - Muito Bom

[Livro n.º 49 do meu Desafio de Leitura]

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