quarta-feira, 10 de junho de 2009

13 gotas ao deitar - Alice Vieira, Catarina Fonseca, Rosa Lobato de Faria, Luísa Beltrão, Rita Ferro, Leonor Xavier

Título: 13 Gotas ao Deitar

Autoras: Alice Vieira, Catarina Fonseca, Rosa Lobato de Faria, Luísa Beltrão, Rita Ferro, Leonor Xavier

Edição/reimpressão: 2009

Páginas: 202

Editor: Oficina do Livro

Preço: 14 €

1.ª Edição



Sinopse

Quando seis autoras se juntam para escrever uma história, o resultado é um romance alucinante, onde não faltam mulheres e homens, doenças raras, médicos de índole suspeita, polícias e muito mistério, tudo servido em doses de humor irreverente.


A história, nascida da imaginação de seis mulheres, promete personagens e uma prosa bem viva… apesar das mortes que vão ocorrendo, como é bom de ver. Este romance constitui um divertimento para as seis escritoras que se encontraram (reencontraram, num caso ou noutro) pelo prazer de dar largas à imaginação e escrever, cada uma, dois capítulos do livro. Quantas mulheres existem na cabeça de Maria Marina Silveira Figueiroa?

Marina, que às vezes é Odete, outras dá pelo nome de Maria Eduarda e ainda responde como Francisca, é surpreendida por um telefonema do banco: tem uma dívida ao IRS e a sua conta bancária está penhorada. Desesperada e sem dinheiro, decide recorrer ao amante de Maria Eduarda, Lourenço, inspector da Polícia Judiciária, que, às tantas, deixa de atender o telemóvel e de responder às mensagens. Quando menos espera, a notícia cai como uma bomba: Lourenço é encontrado morto.

Maria Eduarda é detida por suspeita de homicídio e, quando tudo parecia resolver-se, Henrique, o namorado de Marina é assassinado. Acto contínuo, os dias de Maria Marina são passados na Judiciária e é aí, entre um interrogatório e outro, que conhece D. Querida Flor Cerqueira e se apaixona por Couto Pinto. E o verdadeiro mistério começa então a desenhar-se...



A minha opinião

À semelhança de O Código d’Avintes, Os Novos Mistérios de Sintra e Eça Agora, não podia resistir a este livro escrito por seis mulheres, algumas delas integrantes das três obras indicadas acima. Desta feita, Luísa Beltrão, Rosa Lobato de Faria e Alice Vieira os homens de parte (Mário Zambujal, José Jorge Letria, João Aguiar, José Fanha) e partiram à aventura deste livro que conta a história de Maria Marina, uma mulher que sofre de personalidade múltipla, uma doença ainda bastante desconhecida. Por coincidência, li sobre a doença muito recentemente na revista Sábado e fiquei surpreendida. Eu própria também nunca tinha ouvido falar de uma doença que traz muitos problemas aos seus portadores, mas também à família que tem de estar bem preparada para a enfrentar. Maria Marina é muitas mulheres numa só. Tanto é Eduarda, como Francisca, como Odete. Em comum apenas partilham o corpo, já que de personalidade são mulheres bastante diferentes. Pelo caminho conhecem muitos homens e passam por muitas aventuras. Mas aventura maior é quando Eduarda é acusada da morte do seu namorado/amante Lourenço inspector da Polícia Judiciária. Eduarda em corpo de Marina enfrenta as acusações sem se conseguir defender, quando, de seguida, é acusada de uma outra morte: a do seu namorado Henrique. Mas é aí que conhece o inspector Couto Pinto e tudo começa a resolver-se. Apaixonam-se e casam-se e o novo inspector desvenda o mistério das mortes… Não posso dizer que este livro que me surpreendeu porque já estava à espera da intriga e do mistério que estes livros escritos por várias pessoas me têm proporcionado. Mas é um livro que se lê num ápice, e a pensar já no seguinte. Aquando da tertúlia sobre blogues promovida pela Porto Editora e da qual fiz parte, conheci Rosa Lobato de Faria e no jantar perguntei-lhe o óbvio: como é que se consegue fazer um livro com tanta gente… e tantas mulheres? A autora respondeu que só se consegue porque são todas boas amigas, embora os gritos de discussão que por vezes tinham numa sala da editora fez com que um colega lhes batesse à porta e perguntasse o que se estava a passar já que a história era tão empolgante que só poderia resultar nesta animada discussão, digo eu. Pelo menos uma coisa é certa: o segundo livro já está a ser escrito. Para os amantes deste género de literatura é uma óptima notícia. Venham mais.



Excertos

"Perdera os três homens que alguma vez amara. Mas toda a gente parecia insensível a esse facto. Afinal, a Querida não tem coração. Tem um corpo do tamanho do Entroncamento, uma voz do tamanho da feira da Malveira, uns pés do tamanho da linha do Tua não desactivada.


Mas coração é que não. Coração é que não."



Sobre personalidade múltipla

Segundo o site da Infopedia, a personalidade múltipla é uma patologia da personalidade que se encontra fragmentada em duas ou mais personalidades, que são distintas e que possuem controlo total do comportamento do sujeito.


Os primeiros apontamentos sobre esta temática surgiram por volta de 1816 e, posteriormente, através dos casos com o pseudónimo "Juliette" apresentado pelo psicólogo clínico francês Pierre Janet e com o pseudónimo "Christine Beauchamp" descrito na obra The Dissociation of Personality (Dissociação da Personalidade , 1906) da autoria do escritor americano Morton Prince.

Ao longo da nossa vida assumimos vários desempenhos (pai, avô, professor, Investigador, etc.), a personalidade múltipla que é um caso de comportamento dissociado acontece quando tais desempenhos perdem o contacto uns com os outros ou quando uma personalidade secundária vem complementar aquilo que nos falta.

É importante comentar que uma personalidade secundária ou escondida pode, muitas vezes, ser a mais "normal", a mais ajustada e a mais saudável das personalidades.

Um estado de fuga pode ser longo (durante largos meses ou até mesmo anos) ou curto (apenas um episódio de algumas horas ou de um dia), mas quando a pessoa regressa à sua normalidade, retomando o que deixou para trás, nunca se recorda do sucedido durante a fuga.

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