(Segredo do Rio, Miguel Sousa Tavares, Oficina do Livro, livro recomendado para o 4º ano, 1º ciclo, leitura orientada em sala de aula, grau de dificuldadade 1)
O segredo é um dos temas de eleição dos mais pequenos. Num primeiro momento, o desafio está em descobrir o segredo, em saciar uma curiosidade que chega a ser incontrolável. Mas depois chega a responsabilidade de guardar aquela informação tão preciosa que poucos conhecem.
As pistas para desvendar O segredo do rio começam a ser dadas na capa, com a ilustração (de Fernanda Fragateiro) do menino a ser levado pelo peixe para o fundo do rio. A ilustração da contracapa guarda o final da história, mas ainda não o sabemos. Toda a informação que recebemos, generosamente, antes de iniciarmos a leitura, ainda não faz sentido. Podem-se prever diversos cenários, imaginar diversos segredos, atribuí-los ao menino, ao peixe, ou a alguém ausente das ilustrações.
A história começa com a fórmula ‘era uma vez’, e não abandona nunca a cadência própria das histórias que são contadas, conciliando elementos do quotidiano com elementos fantásticos. A história do menino é da ordem da imaginação já que este se torna amigo de um peixe que fala a sua língua quando está com a cabeça fora de água. Já as informações sobre o contexto rural em que vive, bem como a causa que despoleta a separação do seu amigo, são da ordem do real. A relação entre as árvores e os frutos que dão, a descrição das profissões do campo, os modos de subsistência, e as adversidades da seca, são informações fundamentais para que o leitor perceba a gravidade da decisão do menino, em ajudar o seu amigo peixe a fugir. A utilidade da água do ribeiro e o respeito e cuidado que a população que dela se utiliza tem, são decisivas para acentuar as agruras da seca, promovendo uma aproximação aos valores ecológicos. A história que o peixe conta ao rapaz acerca da sua vida, cujo momento marcante tinha sido a separação do seu amigo, por já não caber no aquário, contribui para a consciencialização do menino, em proteger um amigo que já sofreu, e sofrer com ele, em detrimento da segurança da sua família.
Todos os elementos do texto relacionam-se amenamente, sem provocarem grandes euforias ou disforias. A narrativa flui e as ilustrações comprovam-no, destacando os grandes momentos da intriga. Neste caso, o diálogo que se estabelece entre o texto e a imagem serve para aprofundar a reprodução visual do contexto em que decorre a acção. A suavidade do traço e das cores está em sintonia com o estilo narrativo, sério, sem explorar sentimentos ou emoções como motivação para a leitura.
Da harmonia destes elementos surte um efeito de simplicidade e naturalidade, o que prova a qualidade do processo criativo, em que a relação entre o tema e a forma como este foi disposto em texto e imagem funcionaram de tal forma que não deixaram vestígios da sua intenção original. Em primeiro lugar, é uma bela história. Em segundo, está pejada de elementos didácticos, informações, valores e mensagens éticas que entram no ouvido sem esforço. Por isso, manda o bom senso que uma obra com esta não seja dissecada e transformada em objecto de estudo quando o grande prazer que lhe está associado é o da leitura (para quem o consiga fazer bem, o da leitura em voz alta).
As pistas para desvendar O segredo do rio começam a ser dadas na capa, com a ilustração (de Fernanda Fragateiro) do menino a ser levado pelo peixe para o fundo do rio. A ilustração da contracapa guarda o final da história, mas ainda não o sabemos. Toda a informação que recebemos, generosamente, antes de iniciarmos a leitura, ainda não faz sentido. Podem-se prever diversos cenários, imaginar diversos segredos, atribuí-los ao menino, ao peixe, ou a alguém ausente das ilustrações.
A história começa com a fórmula ‘era uma vez’, e não abandona nunca a cadência própria das histórias que são contadas, conciliando elementos do quotidiano com elementos fantásticos. A história do menino é da ordem da imaginação já que este se torna amigo de um peixe que fala a sua língua quando está com a cabeça fora de água. Já as informações sobre o contexto rural em que vive, bem como a causa que despoleta a separação do seu amigo, são da ordem do real. A relação entre as árvores e os frutos que dão, a descrição das profissões do campo, os modos de subsistência, e as adversidades da seca, são informações fundamentais para que o leitor perceba a gravidade da decisão do menino, em ajudar o seu amigo peixe a fugir. A utilidade da água do ribeiro e o respeito e cuidado que a população que dela se utiliza tem, são decisivas para acentuar as agruras da seca, promovendo uma aproximação aos valores ecológicos. A história que o peixe conta ao rapaz acerca da sua vida, cujo momento marcante tinha sido a separação do seu amigo, por já não caber no aquário, contribui para a consciencialização do menino, em proteger um amigo que já sofreu, e sofrer com ele, em detrimento da segurança da sua família.
Todos os elementos do texto relacionam-se amenamente, sem provocarem grandes euforias ou disforias. A narrativa flui e as ilustrações comprovam-no, destacando os grandes momentos da intriga. Neste caso, o diálogo que se estabelece entre o texto e a imagem serve para aprofundar a reprodução visual do contexto em que decorre a acção. A suavidade do traço e das cores está em sintonia com o estilo narrativo, sério, sem explorar sentimentos ou emoções como motivação para a leitura.
Da harmonia destes elementos surte um efeito de simplicidade e naturalidade, o que prova a qualidade do processo criativo, em que a relação entre o tema e a forma como este foi disposto em texto e imagem funcionaram de tal forma que não deixaram vestígios da sua intenção original. Em primeiro lugar, é uma bela história. Em segundo, está pejada de elementos didácticos, informações, valores e mensagens éticas que entram no ouvido sem esforço. Por isso, manda o bom senso que uma obra com esta não seja dissecada e transformada em objecto de estudo quando o grande prazer que lhe está associado é o da leitura (para quem o consiga fazer bem, o da leitura em voz alta).
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