(Os primos e a Bruxa Cartuxa; recomendado para o 3º ano do 1º ciclo; grau de dificuldade 1; leitura orientada em sala de aula)
Matilde e Gonçalo tornaram-se famosos pelas suas aventuras por reinos de bruxas, magos, fadas e feiticeiros. São as personagens principais da colecção Floresta Mágica, de Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada.
À imagem do que acontece com outros livros das autoras, estes “Primos” são bem aceites pelos mais pequenos. A partir dos quatro anos, há já crianças a ouvir estas histórias. A mais valia de «Os primos e a Bruxa Cartuxa» é a simplicidade do discurso que confere às sequências narrativas uma lógica quase temporal (primeiro os primos encontraram-se; depois foram dar um passeio para descobrir a floresta mágica; depois conheceram a Bruxa na Floresta; depois foram com a Bruxa salvar a baleia e finalmente regressaram a casa). O texto não se demora em descrições ou em sentidos figurados. A narrativa é linear e não espanta. Contudo, fixa a atenção das crianças recorrendo a dois elementos centrais: a idade das personagens corresponde à idade dos leitores, o que promove uma inevitável identificação; os poderes mágicos constituem um atractivo reconhecível que deriva das histórias tradicionais.
Não se pode considerar este um grande livro, quer em termos literários, quer em termos estéticos. Não encerra nenhuma densidade emotiva ou afectiva, não surpreende, não tem vários níveis de leitura nem nenhuma mensagem implícita. Contudo, revela um evidente domínio da escrita que não o condena ao fracasso. A descrição da garagem, no início do livro, indicia o ambiente mágico que se vai viver em seguida; o número de gatos no jardim permite brincar com a confusão que a enumeração cria. O ritmo mantém-se alto mas constante o que ajuda à concentração.
Quanto às ilustrações são bastante convencionais, não dialogando com o texto, limitam-se a reproduzir os momentos mais importantes da narrativa. A disposição gráfica do texto é demasiadamente estática, intercalando, na página, com as ilustrações. De alguma forma, poder-se-á considerar que esta estrutura favorece a passagem para a leitura de livros com menos ilustrações, mas o efeito não deixa de ser pobre.
Todavia, não podemos desejar que todos os livros infantis tenham os mesmos padrões de qualidade, ou os leitores não teriam possibilidades de escolha. Para o treino da leitura, durante a sua aprendizagem, ao longo do 1º ciclo, este livro pode ser bastante útil por ser acessível e pertencer a uma colecção. Se a criança se entusiasmar com «Os primos e a Bruxa Cartuxa», poderá continuar com os volumes que se seguem, o que a ajudará a desenvolver o hábito de ler em continuidade bem como a ganhar ritmo de leitura silenciosa.
Muitas vezes os grandes livros são intemporais por serem únicos e viverem para além do seu tempo. Mas os grandes livros não são pensados em função de qualquer princípio de utilidade, o que os torna, segundo alguns parâmetros didácticos, inacessíveis. Este não deixa de ser um livro menos interessante que «Histórias ao telefone» ou «O Gato e o escuro», mas não é por isso que não tem utilidade.
À imagem do que acontece com outros livros das autoras, estes “Primos” são bem aceites pelos mais pequenos. A partir dos quatro anos, há já crianças a ouvir estas histórias. A mais valia de «Os primos e a Bruxa Cartuxa» é a simplicidade do discurso que confere às sequências narrativas uma lógica quase temporal (primeiro os primos encontraram-se; depois foram dar um passeio para descobrir a floresta mágica; depois conheceram a Bruxa na Floresta; depois foram com a Bruxa salvar a baleia e finalmente regressaram a casa). O texto não se demora em descrições ou em sentidos figurados. A narrativa é linear e não espanta. Contudo, fixa a atenção das crianças recorrendo a dois elementos centrais: a idade das personagens corresponde à idade dos leitores, o que promove uma inevitável identificação; os poderes mágicos constituem um atractivo reconhecível que deriva das histórias tradicionais.
Não se pode considerar este um grande livro, quer em termos literários, quer em termos estéticos. Não encerra nenhuma densidade emotiva ou afectiva, não surpreende, não tem vários níveis de leitura nem nenhuma mensagem implícita. Contudo, revela um evidente domínio da escrita que não o condena ao fracasso. A descrição da garagem, no início do livro, indicia o ambiente mágico que se vai viver em seguida; o número de gatos no jardim permite brincar com a confusão que a enumeração cria. O ritmo mantém-se alto mas constante o que ajuda à concentração.
Quanto às ilustrações são bastante convencionais, não dialogando com o texto, limitam-se a reproduzir os momentos mais importantes da narrativa. A disposição gráfica do texto é demasiadamente estática, intercalando, na página, com as ilustrações. De alguma forma, poder-se-á considerar que esta estrutura favorece a passagem para a leitura de livros com menos ilustrações, mas o efeito não deixa de ser pobre.
Todavia, não podemos desejar que todos os livros infantis tenham os mesmos padrões de qualidade, ou os leitores não teriam possibilidades de escolha. Para o treino da leitura, durante a sua aprendizagem, ao longo do 1º ciclo, este livro pode ser bastante útil por ser acessível e pertencer a uma colecção. Se a criança se entusiasmar com «Os primos e a Bruxa Cartuxa», poderá continuar com os volumes que se seguem, o que a ajudará a desenvolver o hábito de ler em continuidade bem como a ganhar ritmo de leitura silenciosa.
Muitas vezes os grandes livros são intemporais por serem únicos e viverem para além do seu tempo. Mas os grandes livros não são pensados em função de qualquer princípio de utilidade, o que os torna, segundo alguns parâmetros didácticos, inacessíveis. Este não deixa de ser um livro menos interessante que «Histórias ao telefone» ou «O Gato e o escuro», mas não é por isso que não tem utilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário