ELIPHAS LEVI, o mais importante ocultista do século XIX, escreveu um conjunto de livros que
constitui um curso completo de Filosofia Oculta. A maioria desses livros foram traduzidos para a língua
portuguesa, fornecendo ao estudioso de Ocultismo as bases necessárias para que possa atingir, por
seu esforço, as luzes do conhecimento. Seus livros contêm o desenvolvimento da teoria cabalística,
trazida até sua época por Guilhaume Postel, Raymund Lullo, Paracelsus, Jacob Boheme, Kircher,
Khunrath, Louis Claude de Saint-Martin e tantos outros mentores do Gênero Humano. O próprio
Eliphas Levi foi às fontes originais, consultando velhos manuscritos hebreus, latinos ou gregos.
Desvendou o Zohar, traduzindo os trechos mais importantes para seus discípulos; penetrou no Sepher
Yetsirah, como todo cabalista deve fazer. Estudou a fundo os Evangelhos apócrifos, bem como todos
os antigos grimórios que pôde reunir em uma vida repleta de pesquisas e de trabalho, o que lhe
permitiu adquirir grande erudição.
Em A CIÊNCIA DOS ESPÍRITOS, Eliphas Levi explica os dogmas cabalísticos, que contêm em
resumo toda a Ciência, mas a Ciência da qual eles são a expressão foi desenvolvida nas suas obras
precedentes: a História da Magia explica as asserções contidas no Dogma e Ritual da Alta Magia; a
Chave dos Grandes Mistérios completa e explica a História da Magia. A Ciência dos Espíritos dá a
chave dos dogmas cabalísticos, cuja doutrina em seu conjunto forma uma verdadeira Ciência. Esse
livro nos introduz na essência da Bíblia; demonstra-nos a imortalidade da alma, ergue o véu do Plano
Invisível e adverte-nos dos perigos que corre o viajante temerário, que profana as regiões
desconhecidas da Natureza.
A CIÊNCIA DOS ESPÍRITOS harmoniza o Antigo Testamento com o Novo; busca a Ciência
Cabalística nas suas origens, através das Escrituras Santas legadas ao Gênero Humano pelo
Judaísmo e pelo Cristianismo. Faz a Luz jorrar das antigas lendas bíblicas, explicando-nos o sentido
real do simbolismo religioso pelas chaves cabalísticas. Confronta os fenômenos modernos do
Espiritismo com as antigas narrações bíblicas sobre os espíritos, evocações sangrentas e aparições.
Relata-nos a história de Jesus segundo o Talmude e segundo a Tradição Oculta; explica-nos os
fenômenos que denominou "Espíritos Reais e Hipotéticos", "pretensos espíritos ou fantasmas", pela
teoria dos cabalistas sobre os anjos, demônios e as almas dos mortos.
Este livro, um dos mais importantes do autor, reconcilia a Ciência com a Fé, destruindo as
superstições e os preconceitos, e fornece mais poesia e revelação ao simbolismo dos próprios
Evangelhos. Mostra-nos, ademais, que as lendas e alegorias mais distanciadas da realidade objetiva
são as que apresentam maior ligação com a Revelação Divina. Deixa claro que as Escrituras
Sagradas são alegorias iniciáticas e que a história dá lugar ao símbolo.
Por intermédio da luz que emana da Divindade e que iluminou seu Espírito, Eliphas Levi explica-nos
as diferentes lendas evangélicas, relacionando-as com os mistérios da evolução humana nos
diferentes planos da Criação. Descreve-nos os mais sublimes quadros de visões, trazendo à terra as
apoteoses do Mundo Divino. Em muitas passagens ele é magistral; suas páginas parecem poemas,
compostos com a beleza da inspiração divina. Suas narrações levam-nos a um mundo desconhecido,
pleno de beleza e de amor; traçam-nos o caminho que todo homem deve seguir para atingir a Glória
de habitar com o Cristo; mostram as contradições e o desespero dos "filósofos" sem fé e dos crentes
passivos que não procuram o conhecimento. A todos demonstra a necessidade de reconciliar a razão
com a fé, de conduzir simultaneamente sua vida no trabalho e na prática da caridade. A Salvação está
no equilíbrio da Força e da Beleza: "a harmonia resulta da analogia dos contrários". A letra mata e o
espírito vivifica. O Cristo fala no coração do justo que se fez digno de coabitar com o Verbo, que não
mede sacrifícios para ajudar seu semelhante a caminhar em paz na senda da Verdade e da Justiça.
Conduzir a própria vida no sacrifício, no trabalho e na prática da Caridade é viver segundo os preceitos
cristãos.
Em essência, essa doutrina é tão antiga quanto o homem sobre a terra, pois que o retorno à Divindade
pressupõe a restauração da grandeza primitiva do filho. E essa dignificação da natureza humana não
se faz sem o concurso da Graça Divina. Mas para que a mão de Deus paire sobre a cabeça do
homem, é necessário que este tenha méritos. É preciso que sua obra de Reconciliação abrace toda a
Humanidade e que seus feitos em benefício de seus semelhantes possam produzir uma energia que,
subindo até o Plano Divino, comova até o próprio Criador do Universo. Essa força, produto da Vontade
Humana, atrairá as energias divinas que jorrarão na alma do Iniciado, formando um manto de luz.
Esse manto acalentará o coração de todos aqueles que necessitam, uma vez que o homem, cada vez
mais sintonizado com a Vontade Divina, servirá de elo de ligação do Céu com a Terra. E esse trabalho
de Regeneração da Humanidade, de Reintegração da criatura no seio do Criador, difundido a todos os
povos da terra pelo Cristo e por seus seguidores, foi, necessariamente realizado pelo primeiro Adepto
que a Humanidade conheceu e que a Cabala personifica na figura de Adão, o primeiro pecador e o
primeiro a obter a Reintegração. Adão forma o tipo do homem tornado Filho de Deus, como Jesus
Cristo, o exemplo a ser seguido por todos os homens.
A Iniciação promete a Reconciliação do Judaísmo com o Cristianismo através da consideração do
Schin (c), que entra na palavra Jehovah (h w h y) formando Jehoschuah (h w c h y), o Messias, o
Cristo. É o grande mediador universal posto a serviço da regeneração do homem. É a ferramenta do
Grande Arquiteto do Universo que desbasta a Pedra Bruta, colocando-a no edifício do tempo que,
depois de construído, aparecerá na Jerusalém Celeste, como nos narra São João em seu Apocalipse.
A CIÊNCIA DOS ESPÍRITOS, isto é, a Ciência segundo o Espírito, que explica a iluminação dos seres
criados, enaltecendo suas inteligências e seus corações, é a mesma tanto no Antigo como no Novo
Testamento, como demonstra Eliphas Levi em todas as suas obras. É a Tradição Oculta ensinada nos
antigos santuários que chegou até nós e que o Autor vivifica com o talento que nos é conhecido. Essa
Ciência, ensinada a Moisés, Esdras, Daniel, Ezequiel, Davi, Salomão e a tantos outros adeptos
surgidos na humanidade, foi reconstituída no advento do Cristianismo e adaptada aos novos passos
que a humanidade iria dar em sua evolução coletiva. Isso explica por que a doutrina cristã não se
limitou ao povo hebreu, mas conquistou o mundo. O conhecimento da tradição primitiva pelos
primeiros cristãos é demonstrado nas obras cabalísticas que são o Apocalipse e o Evangelho segundo
São João. As mais belas narrativas do Mundo Divino já vistas são inspirações divinas destinadas a
fortalecer a doutrina da religião nascente. Essa tradição se mantém intacta em pleno século XX e será
legada à posteridade por aqueles que fazem por merecer o apoio do Reparador. Pois se os campos
tornam-se desertos, a mão da Providência faz com que a fertilidade surja em outras terras. E os
homens deslocam-se para a Terra Prometida, material e espiritualmente falando. Foi assim que o
Cristianismo trouxe aos gentios a oportunidade de serem chamados Filhos de Deus, e nisso está o
seu grande mérito. A Nova Jerusalém não é deste mundo, mas todo lugar que acolher um Filho do
Eterno será chamado "Terra de Israel".
Toda a Ciência está na afirmação de que o Verbo é o Princípio e o Fim de todo o trabalho de criação;
ele é o alfa e o ômega. Ele é Deus e se manifesta para extinguir as trevas e resgatar os homens da
escravidão das paixões e dos vícios. Ele se faz carne para que a vontade do Pai se afirme e se una à
Vontade do Filho. É preciso que o homem adquira a CIÊNCIA DOS ESPÍRITOS e que em espírito vá
até o mundo de Yetsirah receber a unção do Verbo, que descerá dos mundos superiores, podendo ser
recebido pelo Anjo de Deus, como ocorreu com São João; irá, assim, vislumbrar a Árvore da Vida e a
Jerusalém Celeste, sentindo no próprio íntimo a abertura dos sete selos. Soarão, então, as sete
trombetas, manifestando o júbilo do Céu pela apoteose do coroamento de um novo Eleito, pela derrota
da besta e do falso profeta. Quando regressar ao Plano Físico, trará a mensagem divina às sete
Igrejas e a todos os povos da terra.
"O homem nada pode quando está só", explica-nos Eliphas Levi. "As Grandes Forças Humanas são
as forças coletivas. O homem deve receber em si a Luz Divina, que jorra substancialmente do seio de
Deus, e projetá-la por sua vez sobre toda a Natureza; ele deve atrair toda a criação inferior pelo amor,
e lançar-se em direção a Deus por esforços jamais esmorecidos."
Sociedade das Ciências Antigas
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