“Na noite em que nasceste, madrugada adentro, coisas estranhas aconteceram.” Começa assim a história de Alma.
Depois dessa madrugada o destino da criança de cabelos cor de fogo estava traçado. Particularmente dotada, inteligente, sensível e com uma percepção paranormal da realidade, Alma é olhada na pequena aldeia como um ser estranho.
Rejeitada pela família e pelo povo, encontra refúgio junto de uma velha mulher, a Ti Ifigénia, também ela isolada e considerada bruxa. Num dia de Outono, a mãe de Alma, que tinha como verdade assente que a filha era um caso perdido, envia-a para Lisboa como criada de servir. Na casa de Dona Sofia, a menina de cabelos cor de fogo é acolhida e educada como uma filha e pela primeira vez Alma sente-se amada e desejada.
A partir dali, o seu futuro será, para o bem e para o mal, para o melhor e para o pior, completamente diferente do seu passado. Um retrato impressionante do Portugal profundo dos anos 50. Um mundo rural dominado por medos, superstições e ignorância. Um mundo da capital do país em que a mentalidade burguesa desconfia de todos os comportamentos que fogem dos estereótipos da época. A história de Alma atravessa-se com histórias de muitas vidas, seres de luz, que, mesmo num ambiente hostil e com um destino que rouba à nascença a felicidade e o futuro, iluminam caminhos.
A minha opinião
Comprei este livro com bastante curiosidade porque ao ler a sinopse acabei por gostar bastante da história que esta transmitia: diferentes gerações, em diferentes tempos, na ditadura, e diferentes extractos sociais, tudo aqui é retratado por Luísa Castel-Branco, conhecida apresentadora de televisão e cronista. Apesar da história ser envolvente há alguns aspectos que não posso deixar de referir e que poderiam ter sido vistos e revistos, tanto pela autora como por parte da pessoa que faz a revisão do livro, alguns erros ortográficos: perca de alguém não existe, existe sim, perda. Perca só é utilizado como verbo quando está no presente do conjuntivo “que se perca”, por exemplo. Mais à frente utiliza um verbo na segunda pessoa do singular, e troca-o pela segunda do plural. Erro crasso para quem é uma grande comunicadora.
Mas à parte isso, o livro lê-se lindamente, tendo uma história excelente.
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