terça-feira, 27 de janeiro de 2009

O Anti-Cristo: Ensaio de uma Crítica do Cristianismo, de Friedrich Wilhelm Nietzsche

TRECHO:
Prefácio
Este livro pertence aos homens mais raros. Talvez nenhum deles sequer esteja vivo. É possível que se
encontrem entre aqueles que compreendem o meu “Zaratustra”: como eu poderia misturar−me àqueles aos
quais se presta ouvidos atualmente? – Somente os dias vindouros me pertencem. Alguns homens nascem
póstumos.
As condições sob as quais sou compreendido, sob as quais sou necessariamente compreendido –
conheço−as muito bem. Para suportar minha seriedade, minha paixão, é necessário possuir uma integridade
intelectual levada aos limites extremos. Estar acostumado a viver no cimo das montanhas – e ver a imundície
política e o nacionalismo abaixo de si. Ter se tornado indiferente; nunca perguntar se a verdade será útil ou
prejudicial... Possuir uma inclinação – nascida da força – para questões que ninguém possui coragem de
enfrentar; ousadia para o proibido; predestinação para o labirinto. Uma experiência de sete solidões.
Ouvidos novos para música nova. Olhos novos para o mais distante. Uma consciência nova para verdades
que até agora permaneceram mudas. E um desejo de economia em grande estilo – acumular sua força, seu
entusiasmo... Auto−reverência, amor−próprio, absoluta liberdade para consigo...
Muito bem! Apenas esses são meus leitores, meus verdadeiros leitores, meus leitores predestinados:
que importância tem o resto? – O resto é somente a humanidade. – É preciso tornar−se superior à
humanidade em poder, em grandeza de alma – em desprezo...
Friedrich Nietzsche

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