quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

A visita da Mônica aos Roedores de Livros.

Manhã de sol e ventania na Ceilândia naquele sábado, 01 de novembro. Quando chegamos, pouco depois das oito da manhã, algumas crianças já brincavam no parque infantil no jardim da Creche Comunitária da Criança. Mas tínhamos muito a fazer antes de começarmos as atividades. Nossa biblioteca acabava de receber cerca de 200 livros frutos de doações de amigos, autores e da última campanha feita em parceria com a Fnac Parkshopping. Precisávamos reorganizar a estante e escolher alguns títulos para apresentar às crianças.
Nove horas. Estendemos o tapete vermelho sobre a grama, descalçamos os pés e o Tino começou a tocar o Sai Preguiça para aquecer a turma. Pouco mais de meia hora de música depois, tínhamos relembrado Alecrim, Peixe Vivo, Maracangalha, A Canoa Virou, Minhoca, Marinheiro Só, Peixinhos do Mar e outras cantigas tradicionais, além de alguns brinquedos cantados como Andar de Trem e Scubidú. Algumas crianças estavam mais agitadas que o normal. É que eu havia dito que receberíamos uma visita muito importante de uma moça chamada Mônica. Somente no final da manhã é que eu perceberia a confusão que esta informação causaria.
Antes das histórias, momento de bate papo sobre as leituras anteriores. Uma a uma, as crianças falaram sobre o que tinham gostado nas últimas quatro semanas. Em meio a O Príncipe Sapo, Contos de Enganar a Morte e O Presente de aniversário do Marajá, entre outros livros citados pelos meninos, foi relevante o sucesso que uma série vem fazendo entre as meninas desde que chegou à biblioteca há uns quatro meses: Os livros Pérola no parque, Pérola e Safira, Pérola e o Anjo e Pérola e a Boneca ganharam as vozes da trupe feminina do projeto. Cada um contou um pouco do que leu e com isso, certamente, mexeu com a curiosidade do outro. Este é o principal motivo do bate papo. Fazer com que uma criança escute da outra que tal livro foi bom. Talvez, assim, haja mais uma motivação para que outros conheçam novos livros.
Começamos a mediação de leitura com o livro Um Porco Vem Morar Aqui e o jogo entre as ilustrações e o texto começou. Digo jogo, por que as crianás vão chegando perto do livro, querem ver a ilustração e adivinhar o passo seguinte do texto. Neste caso, é incrível como percebem elementos que estão ali bem sutis. Foi o caso da Beatriz que, nesta mediação, percebeu que o porco estava construindo uns bonecos de barro iguais aos outros personagens da história. Fim do livro, hora do lanche.
Cerca de 15 minutos de bolo, refrigerante e bate papo onde Edna, Ilse, Tino e eu nos sentamos com as crianças e conversamos sobre a vida. Novela, escola, um irmão que chegará em breve, um primo que morreu num acidente de carro. Mas, logo, logo, chega de realidade. Voltamos ao mundo da fantasia.
O segundo livro da mediação foi o que fez mais sucesso naquela manhã: De Morte, livro de Ângela Lago que conta sobre a esperteza de um velhinho para enganar a Morte, o Diabo e até São Pedro. Foi uma festa. Todos nos divertimos com a leitura. Enfim, a última leitura daquele sábado foi a do livro que conquistou o Tino para o universo da literatura infantil. Chama-se O Rei da Fome, e é escrito e ilustrado por Marilda Castanha. Conta sobre um rei que gostava de comer livros.
Depois, pausa para as crianças fazerem leituras diversas. Neste momento, a gente se encanta quando algumas crianças que ainda não sabem ler, ou têm dificuldades com a leitura, pedem para outras mais "velhas" lerem para elas. Entram em cena nossos "monitores" Daniel, Wesley, Samanta e alguns irmãos dos pequenos como o Mateus, Samuel e o Junior.
Nossa visita ainda não havia chegado, quase 11h30 da manhã. O projeto no fim das atividades. As crianças cada vez mais impacientes. Foi quando a Beatriz veio me perguntar: - Tia Ana Paula, é verdade que a Mônica vem mesmo? Respondi: - Olha Bia, acabei de falar com ela ao telefone e ela disse que está chegando. Aí a Bia gritou para todos: - Ôba, gente. Ela vem mesmo! A Mônica dos quadrinhos tá chegando aqui!!! Putz! Tive que explicar que a Mônica não era a dos quadrinhos, mas a do jornal que viria fazer umas fotos para uma reportagem sobre o projeto. Risos e alguns "ahhhhh". Mas logo, logo, chegaram a repórter e o fotógrafo, que fizeram seu trabalho enquanto as crianças escolhiam os livros para empréstimo na biblioteca recheada de novidades.

Foi uma manhã agitada. Deliciosa e com muitas histórias para contar. Como geralmente são nossas manhãs de sábado com as crianças do projeto.

Hatuna Matata.

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