terça-feira, 11 de novembro de 2008

Cartas Oportunas sobre espiritismo, de Luiz de Mattos

TRECHO:
Prefácio
Ao reeditarmos esta coletânea de artigos e cartas de Luiz de Mattos, publicados na
imprensa desta Capital, sentimo-nos no dever moral e de consciência de não calar a
Verdade pregada e praticada pelo fundador do Racionalismo Cristão, verdade que fere e
caustica muitas almas transviadas do bom caminho, para forçá-las a meditar sobre as
coisas sérias da vida, entre as quais a prática abusiva do espiritismo.
Pelo seu conteúdo eminentemente esclarecedor e, pois, de combate, não aos
homens, mas aos seus erros, compreende-se que este livro não possa ser bem acolhido
nos meios melosos do espiritismo não científico, cujos praticantes se sentem feridos na
sua vaidade de pontificadores de incautos.
Que nos importa, porém, o que pensam esses pobres ignorantes da vida real, se a
finalidade desta obra não é fazer comércio, não é explorar a ignorância ou a
credibilidade de quem quer que seja ou alijar criaturas de certas posições, para que
outras as ocupem?
Cartas oportunas é obra elucidativa que tudo esclarece sobre espiritismo,
mostrando a espíritas e não espíritas o perigo que representam as atuações
desordenadas, ainda que feitas com as melhores intenções.
Nos artigos e cartas de Luiz de Mattos, reproduzidas neste livro, usou ele, em
muitas delas, linguagem causticante, para alguns dos seus críticos, demasiadamente
forte. Mas para quem, como ele, conheceu de perto os praticantes da Magia negra,
muitas vezes oculta insidiosamente sob a capa do espiritismo, tais expressões se
justificam plenamente, principalmente se levarmos em conta que almas inveteradas no
crime astral ou terreno só acicatadas pela dor despertam da embriaguez em que
vegetam, rompendo a nuvem negra que as envolve.
Luiz de Mattos foi sempre, na sociedade e na família, um perfeito diplomata, um
fidalgo no porte e no trato, mas a sua alma boníssima era como a de todos que se batem
por causas justas: vendo a maioria da humanidade resvalar para a prática do mal,
escrava de paixões e sentimentos inferiores, dominada pela idéia do gozo puramente
material e movendo-se num círculo de honrarias e vaidades tolas, revoltava-se contra
tanta materialidade e deixava-se invadir por uma espécie de nostalgia, um desejo de
retornar – ele que era, e continua a ser, um espírito de elevada evolução – ao seu mundo
de luz.
Não fora um ser esclarecido, com a consciência, já nítida, da missão que o
trouxera à Terra, e se teria deixado talvez vencer pela ânsia de desprender-se da matéria,
para ascender ao plano Astral Superior.
As duras verdades contidas nesta obra não devem, pois, inspirar qualquer
sentimento de revolta ao leitor, seja qual for a sua maneira de encarar o problema, e não
o inspirará, certamente, se considerar que Luiz de Mattos não escreveu por simples
passatempo, mas para transmitir à humanidade um pouco do muito que sabia da vida.
Se a sua palavra parecia seca, dura, causticante, a sua alma era transbordante do
calor e vida com que envolvia a todos, porque só o bem desejava ao próximo.
Ele verberava para fazer doer e curar, e por isso aqueles que se sentiam atingidos
pelas suas verdades, que não podiam refutar, o chamavam de inimigo. Não deixavam de
ter certa razão, porque se não era inimigo das criaturas, era-o do que elas praticavam: a
mentira e a exploração em nome de Jesus.
Luiz de Mattos deve ser visto, através desta obra, como o Pai austero que censura
o filho por vê-lo transviado do bom caminho, mas que, sabendo-o em sofrimento ou já
regenerado, vai ao seu encontro, e só se lembra do que precisa fazer para proporcionarlhe
felicidade e bem-estar.
Despeitos, prevenções e idéias preconcebidas devem, pois, ser postos de lado,
quando se lê esse livro.
OS EDITORES

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