Dia desses a toca dos ROEDORES DE LIVROS recebeu uma pequena jóia de papel em forma de livro. Foi o carteiro quem trouxe. Veio embalado com um carinho incomum: papel de seda azul, papelão ondulado e linha guardavam um conteúdo igualmente raro e belo. A literatura encontrou a arte gráfica e daí nasceu A FADA INFLADA. O livro é uma produção independente da Rabiola, auto-intitulada fábrica de livros. O texto é da Luíza Leite, que assina as ilustrações ao lado da Tatiana Podlubny, também responsável pelo encantador projeto gráfico.
O livro, pequeno apenas no formato (14cm x 16cm), conta a história de Fada, filha de Mãe Feiticeira e Pai Mago, uma menina como tantas outras, cheia de disposição para viver a sua meninice mas, às vezes, indisposta para seguir os caminhos que a levariam ao futuro sonhado por seus pais. Um dia a Fada, cansada de tantas cobranças, ficou cheia. Inflou. Subiu. Sumiu no céu. Descobriu o espaço vazio onde tudo cabia. E voltou para casa.
Eu adoro fadas. Adoro que adoro. E, no Brasil, pouca gente brincou com tanto talento com este personagem mágico quanto Sylvia Orthof. Em seus livros, criou a UXA, sua personagem mais famosa. Da sua cuca mirabolante também saíram a Fada Fofa e a Fada Lá de Parságada. Sempre brincando com as palavras e com a imaginação dos leitores. Não foi diferente com a Fada Inflada de Luíza e Tatiana. O texto, recortado em frases curtas, passeia pelo espaço do papel e brinca de pula-pula na fantasia da gente. Gosto, por exemplo, quando a autora joga com as palavras revelando que “Aos poucos, aquele futuro riscado num papel feito um mapa foi deixando fada enfadada”. O jogo continua: “Quando Fada quicou no teto, ficou realmente encafifada”.
Entrei no jogo. Gostei da brincadeira. Meus olhos não cansam de pousar nas ilustrações. Traços com cara de infância, inflados com aquarelas. Tudo feito com muito bom gosto. Fora do comum. Um dos melhores livros que li este ano. De repente, o fim. Uma página salta na minha mão!!! Defeito de fabricação? Nada disso. Apenas mais uma delicadeza desta produção independente: uma folha com adesivos. Meu lado criança se inflou mais ainda. ADOREI a surpresa!!!
As autoras contam que “tudo começou com a idéia de fazer alguns exemplares encadernados à mão, para dar de presente aos amigos. Depois surgiu a vontade de multiplicar não só as páginas como o número de livros. Quem sabe 50, 60... ah vamos fazer logo 100! Nossa, mas isso significa imprimir mais de 2700 páginas em casa! A matemática estava ficando complicada. Como é impossível deter o impulso de um broto rompendo a casca, confiamos que a própria cria apontaria o caminho: imprimir o livro em gráfica”. Para chegar a produto final, fizeram até um Vale Fada, vendendo o livro antecipadamente para os amigos, amigos dos amigos, vizinhos dos amigos dos amigos... até que A Fada Inflada nasceu bonita e com saúde para, quem sabe, ganhar olho de menino mundo afora.
O fato de não ser apadrinhado por nenhuma editora formal deu ao livro um caráter mais artesanal. Não tem ISBN, nem código de barras e, é claro, não está nas grandes livrarias. Mas você o encontra à venda no blog A FADA INFLADA, que divulga o livro. Vale a visita e o investimento. Até o preço é bacana: vinte pilas! Compre sem medo. E arranje um lugar bacana na estante. Aqui em casa, vez em quando a Fada infla e voa da estante para o quarto, para a mesa do computador, dá umas voltas de carro e retorna para o lado de Uxa e Fofa. Talvez o mundo do livro não tenha dado ouvidos à Fada Inflada. Ainda. Mas a dupla Luíza e Tatiana apostou na história e a transformou numa jóia rara. Ganhamos nós, leitores! Hatuna Matata!!!
quinta-feira, 20 de novembro de 2008
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