
A acção deste livro tem como pano de fundo a II Guerra Mundial, um dos temas históricos mais interessantes. No centro de uma Divisão espanhola, aquartelada na fria Rússia, acontece um brutal assassinato. O morto está enterrado no meio de um lago e tem inscrita no seu corpo a expressão "Mira que te mira Dios...". Este é o ponto de partida da nossa história e é o motor para todos os outros acontecimentos. O desvendar do crime cabe a um dos soldados espanhóis que, enquanto trata das várias diligências, se debate com os entraves colocados pelas chefias hierárquicas e pelos seus próprios medos e auto-conhecimento.
A base da história até é interessante, mas o facto é que o autor, na tentativa de dar um enquadramento histórico lato, se perde em pormenores que nos dispersam a atenção. A relação Espanha-Alemanha na II Guerra Mundial é misturada com a situação nacional espanhola (maçonaria versus apoiantes de Franco) e, a certa altura, acabamos por nos perder. Para além disso, as constantes notas de rodapé - com mais explicações - faz com que percamos o fio à meada. Pessoalmente, e, apesar de ter aprendido novos dados, creio que muitas das notas poderiam ter sido evitadas. Um livro também serve para instigar o leitor a descobrir coisas novas, por si.
O Tempo dos Imperadores Estranhos não é só um livro sobre uma investigação. É, igualmente, um desvendar da história pessoal do investigador - o que o fez alistar-se, o porquê das suas reacções impensadas, a razão de ter sido escolhido para descobrir os criminosos. E, mais uma vez, neste aspecto, o autor não tem um caminho delineado que favoreça a leitura/compreensão.
Como pontos positivos, saliento as descrições de Ignacio del Valle, que muito apreciei. A exploração do ambiente bélico, das paisagens inóspitas da fria Rússia, a actuação fria das SS. No geral, contudo, soube-me a pouco...
3/10
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