segunda-feira, 10 de novembro de 2008

O Tempo dos Imperadores Estranhos

"Mira que te mira Dios..." - Foi essencialmente esta expressão que me cativou, mas a sinopse comprovava que O Tempo dos Imperadores Estranhos tinha tudo para ser um excelente livro. Lá está, tinha, porque, na verdade, as expectativas ficaram muito, muito aquém. Acabar esta obra foi mais penoso do que satisfatório e nunca é bom quando isso acontece. Ainda assim, orgulho-me por ter resistido, por ter superado todas as adversidades que o autor me colocou, por conseguir saber o final sem ter ido espreitar... Nunca a palavra "FIM" me pareceu tão bonita.
A acção deste livro tem como pano de fundo a II Guerra Mundial, um dos temas históricos mais interessantes. No centro de uma Divisão espanhola, aquartelada na fria Rússia, acontece um brutal assassinato. O morto está enterrado no meio de um lago e tem inscrita no seu corpo a expressão "Mira que te mira Dios...". Este é o ponto de partida da nossa história e é o motor para todos os outros acontecimentos. O desvendar do crime cabe a um dos soldados espanhóis que, enquanto trata das várias diligências, se debate com os entraves colocados pelas chefias hierárquicas e pelos seus próprios medos e auto-conhecimento.
A base da história até é interessante, mas o facto é que o autor, na tentativa de dar um enquadramento histórico lato, se perde em pormenores que nos dispersam a atenção. A relação Espanha-Alemanha na II Guerra Mundial é misturada com a situação nacional espanhola (maçonaria versus apoiantes de Franco) e, a certa altura, acabamos por nos perder. Para além disso, as constantes notas de rodapé - com mais explicações - faz com que percamos o fio à meada. Pessoalmente, e, apesar de ter aprendido novos dados, creio que muitas das notas poderiam ter sido evitadas. Um livro também serve para instigar o leitor a descobrir coisas novas, por si.
O Tempo dos Imperadores Estranhos não é só um livro sobre uma investigação. É, igualmente, um desvendar da história pessoal do investigador - o que o fez alistar-se, o porquê das suas reacções impensadas, a razão de ter sido escolhido para descobrir os criminosos. E, mais uma vez, neste aspecto, o autor não tem um caminho delineado que favoreça a leitura/compreensão.
Como pontos positivos, saliento as descrições de Ignacio del Valle, que muito apreciei. A exploração do ambiente bélico, das paisagens inóspitas da fria Rússia, a actuação fria das SS. No geral, contudo, soube-me a pouco...

3/10

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