Destaco, de entre os cerca de trinta ateliers que realizei, a experiência que tive numa turma de meninos surdos, que frequentam o 3º ano do 1º ciclo. Foi fascinante entrar num mundo ao qual dificilmente se acede, e em que somos nós quem se esforça por perceber outro código.
Construímos uma casa com palavras, e li-lhes o álbum A minha mãe (Anthony Browne, Caminho), com ajuda de uma intérprete em língua gestual. A escolha deveu-se à dificuldade que os surdos manifestam em apreender sentidos simbólicos ou conceitos abstractos. Graças à expressividade e complementaridade das ilustrações, os meninos poderiam mais facilmente relacionar o discurso figurado do discurso denotativo. Gostaram muito do álbum, principalmente das imagens, o que me deixou a pensar se a exploração individual ou em pares de álbuns ilustrados não poderia ajudá-los a construir lógicas narrativas e até a aperfeiçoar os seus juízos críticos e afectivos.
Se puder, ainda voltarei à escola da Fonte da Prata, para visitar a professora e a turma. A alegria que se vive naquela sala já é rara nas outras que visitei. Estas crianças são mais inocentes e espalham sorrisos e felicidade. A professora igualmente. A sua permanente boa disposição, a sua entrega e dedicação fizeram daqueles 90 minutos um deslumbramento para mim.
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