Título: As Aventuras de Robin Hood
Autor: Alexandre Dumas
Gênero: Romance
Editora: Saraiva
A vida aventurosa do outlaw (fora da lei, proscrito) Robin Hood, transmitida de geração em geração, tornou-se um assunto popular na Inglaterra, e contudo o historiador muitas vezes carece de documentos para retraçar a curiosa existência do famoso salteador. Grande número de episódios relativos a Robin Hood apresentam características de verdade e lançam um brilho muito vivo sobre os costumes e hábitos do seu tempo.
Os biógrafos de Robin Hood não estão de acordo sobre a origem do nosso herói. Uns atribuíram-lhe nascimento ilustre, outros contestaram-lhe o título de Conde de Huntingdon, mas o certo é que Robin Hood foi o derradeiro saxão que tentou opor-se à dominação normanda.
Os sucessos integrantes da história que pretendemos contar, por muito plausíveis e admissíveis que pareçam, não passam talvez, por fim, de um resultado da imaginação, pois a prova material da sua autenticidade realmente não existe. A universal popularidade de Robin Hood chegou até nossos dias com toda a frescura e brilho da época em que nasceu. Não há um autor inglês que não lhe consagre algumas palavras amáveis. Cordum, escritor eclesiástico do século quatorze, chama-lhe ille famosissimus sicarius (o celebérrimo bandido), Major qualifica-o de humaníssimo príncipe dos ladrões. O autor de um curiosíssimo poema latino, datado de 1304, compara-o a William Wallace, o herói da Escócia. O célebre Gamden diz, falando dele: “Robin Hood é o mais galante dos bandidos”. Enfim o grande Shakespeare, em Como quiser, desejando pintar o modo de viver do duque e aludir à sua felicidade, assim se exprime:
“Lá está na floresta do Arden (das Arãennes), com um bando de homens joviais, onde vive à maneira do Velho Robin Hood de Inglaterra, deixando correr o tempo, livre de todo o cuidado como na época feliz da idade de ouro.”
Se quiséssemos enumerar aqui os nomes de todos os autores que fizeram o elogio de Robin Hood, cansaríamos a paciência do leitor; basta-nos dizer que em todas as lendas, canções, baladas e crônicas que dele falam, ele é apresentado como homem de fino espírito, de incomparável audácia e coragem. Generoso, paciente e bom, Robin Hood era adorado não apenas pelos seus companheiros (jamais foi traído ou abandonado por qualquer deles), mas também por todos os habitantes ao condado de Nottingham.
Robin Hood oferece o singular exemplo de um homem que, sem ter sido canonizado, dispôs de um dia de festa. Até ao fim do século XVI o povo, os reis, os príncipes e os magistrados, na Escócia e na Inglaterra, celebravam a festa do nosso herói por meio de jogos instituídos em sua honra.
A Biografia universal informa-nos ainda que o belo romance de Ivanhoé, de Sir Walter Scott, tornou Robin Hood conhecido na França. Mas, para apreciar a história dessa quadrilha de bandoleiros é necessário recordar que, desde a conquista de Inglaterra por Guilherme, as leis normandas sobre a caça puniam os caçadores furtivos com a perda dos olhos e a castração. Este duplo suplício, pior que a morte, obrigava os desgraçados que haviam incorrido nele a refugiar-se nos bosques, e a exercerem, como único recurso para viver, o próprio ofício que os colocara fora da lei. A maior parte desses caçadores furtivos pertencia à raça saxônia, esbulhada pela conquista, de modo que assaltar um rico senhor normando equivalia quase a recuperar os bens paternos. Esta circunstância, perfeitamente explicada no romance épico de Ivanhoé e no relato das aventuras de Robin Hood, não permite que se confundam os outlaws com os ladrões comuns.
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