Aconteceu na última semana: constatei que um adolescente com hábitos de leitura lê com dificuldade em voz alta. Mais, a disciplina de português é uma das mais difíceis para si. Como o podemos explicar? Estamos perante um jovem de 14/ 15 anos que lê um livro em duas semanas, entre aulas e outras actividades, que tem boas notas na generalidade mas não tem o mesmo sucesso na área da sua língua materna.
Não é caso único. O mesmo aconteceu com colegas meus, que sempre tiveram notas baixas e dificuldades com o funcionamento da língua materna, do francês ou até do inglês; bem como com a exposição de conteúdos programáticos, e hoje são leitores competentes, não só de livros como da profusão de enunciados que constantemente nos assolam.
Não há sempre uma relação unívoca entre o ensino e o desenvolvimento intelectual e cultural dos alunos, pelo que a sua inteligência não deve ser medida apenas em função do seu sucesso escolar. O sentido crítico, a inteligência emocional, o desenvolvimento do gosto devem ser incentivados no processo educativo, mas não se lhe resumem.
Por isso, separar a leitura recreativa da leitura orientada/ treino de leitura é essencial para caminhar no duplo sentido de conferir autonomia de leitura aos alunos, por um lado, e dotá-los de competências para que esta se faça sem sacrifício, por outro.
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