Cito um excerto de um artigo de Eduardo Prado Coelho sobre o tema «O lugar da poesia». O pensador reflecte sobre as várias perspectivas sociológicas do lugar da poesia, para no último terço do artigo apresentar teoricamente as características literárias do seu lugar: a poesia cria o seu lugar, pelo peso das suas palavras, pelo seu esplendor. Não se trata de uma imposição mas sim de uma criação especial de lugares poéticos, lugares que nascem do esplendor das palavras.
«Qual o lugar da poesia no nosso ensino? Até que ponto os jovens adquirem a noção da importância das palavras, entendem o que vale o uso de uma palavra face a uma outra palavra possível, ou como as palavras têm efeitos, efeitos de riso, de deslumbramento, de poder, de corrupção, de sedução, de envolvimento, de compaixão, de clemência, de beleza pura, de infinito? Porque o uso das palavras, a jubilação da palavra certa por fim encontrada, a modulação do encontro na rede oscilante das palavras, tudo isso se pode aprender, e tudo isso pode alterar uma vida, uma relação, um momento de desânimo, um começo de noite.»
Eduardo Prado Coelho, «Entre uma nuvem negra e uma nuvem branca» in relâmpago nº 2, 4/ 98, Fundação Luís Miguel Nava, p.14
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