Quando pegamos num livro sem grandes perspectivas e conforme a leitura avança percebemos que nos enganámos, o prazer redobra. É o que acontece com «A Escrava de Córdova», romance que marca a estreia de Alberto S. Santos.
A acção decorre nos anos de viragem do século X para o século XI, na Ibéria, quando cristãos e muçulmanos lutavam pelo domínio do território onde mais tarde nasceram Portugal e Espanha. A trama centra-se na história de Ouroana, jovem nobre cristã que é raptada e transformada em escrava de uma família árabe de Córdova. Mas se o drama da jovem é o elemento agregador do romance, não é ele que lhe dá a consistência que justifica o prazer da leitura – embora a narrativa esteja bem delineada e seja apaixonante.
O grande trunfo de «A Escrava de Córdova» é o seu enorme rigor histórico, a atenção ao pormenor, as descrições ricas e brilhantes de uma época: o contraste entre o Norte cristão, fechado, atávico, atrasado, e o Sul muçulmano, culturalmente mais rico, intenso e movimentado, cruzamento de culturas e vivências sociais. São comoventes as descrições de Lisboa, do Algarve, da região do Douro e, claro, de Córdova.
O romance é um brilhante fresco do período áureo da Califado Omíada, onde a partir de Córdova o chefe militar e civil Almançor governava (e conquistava) em nome do jovem Califa. Mas é, também, um brilhante relato da situação política nos reinos cristãos, das suas fragilidades e desunião. São estas duas civilizações, estas duas concepções religiosas, culturais e de mentalidades que o autor tão bem põe em confronto – sem esquecer a judaica, também presente na época, embora menos influente - e que representa a enorme mais-valia do livro.
A obra, refira-se, teve revisão científica do arabista Rui Santos, dos professores Maria de Fátima Marinho, especialista em romance histórico, e Adalberto Alves, especialista em cultura árabe.
Quanto ao autor, refira-se que Alberto S. Santos é o presidente da Câmara Municipal de Penafiel, mas só após o livro ser aceite pela editora deixou cair o pseudónimo e revelou a sua identidade.
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Alberto S. Santos
A Escrava de Córdova
Porto Editora, €17,70
A acção decorre nos anos de viragem do século X para o século XI, na Ibéria, quando cristãos e muçulmanos lutavam pelo domínio do território onde mais tarde nasceram Portugal e Espanha. A trama centra-se na história de Ouroana, jovem nobre cristã que é raptada e transformada em escrava de uma família árabe de Córdova. Mas se o drama da jovem é o elemento agregador do romance, não é ele que lhe dá a consistência que justifica o prazer da leitura – embora a narrativa esteja bem delineada e seja apaixonante.
O grande trunfo de «A Escrava de Córdova» é o seu enorme rigor histórico, a atenção ao pormenor, as descrições ricas e brilhantes de uma época: o contraste entre o Norte cristão, fechado, atávico, atrasado, e o Sul muçulmano, culturalmente mais rico, intenso e movimentado, cruzamento de culturas e vivências sociais. São comoventes as descrições de Lisboa, do Algarve, da região do Douro e, claro, de Córdova.
O romance é um brilhante fresco do período áureo da Califado Omíada, onde a partir de Córdova o chefe militar e civil Almançor governava (e conquistava) em nome do jovem Califa. Mas é, também, um brilhante relato da situação política nos reinos cristãos, das suas fragilidades e desunião. São estas duas civilizações, estas duas concepções religiosas, culturais e de mentalidades que o autor tão bem põe em confronto – sem esquecer a judaica, também presente na época, embora menos influente - e que representa a enorme mais-valia do livro.
A obra, refira-se, teve revisão científica do arabista Rui Santos, dos professores Maria de Fátima Marinho, especialista em romance histórico, e Adalberto Alves, especialista em cultura árabe.
Quanto ao autor, refira-se que Alberto S. Santos é o presidente da Câmara Municipal de Penafiel, mas só após o livro ser aceite pela editora deixou cair o pseudónimo e revelou a sua identidade.
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Alberto S. Santos
A Escrava de Córdova
Porto Editora, €17,70
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