TRECHO:
INICIAÇÃO é uma das palavras mais usadas e um dos temas mais
avocados, embora quase sempre en passant, nos debates que
es(x?)oteristas do mundo todo travam em comunidades virtuais. As
facilidades de contato e de troca de idéias propiciadas pela Internet
vulgarizaram conversações que até antes da Web se restringiam às Lojas
físicas de Ordens e Fraternidades tradicionais que se dedicam à ritualística
iniciática como parte do seu sistema de ensino destinado a prep arar pessoas
para a ascensão à Maestria. Esta, teoricamente é um estado natural que o Eu
interior do estudante sincero aspira automaticamente como meta para se
externar trabalhando no serviço da Grande Obra, a seara mística voltada para
a difusão da Luz. Difundir a Luz significa esclarecer as mentes das pessoas
para que, de posse dos esclarecimentos e chegando às suas próprias
conclusões sobre eles, tenha condição de experimentar expansão da
consciência, adquirindo maior capacidade de compreensão, maior poder de
avaliação e até mesmo o ambicionado Domínio da Vida. A iluminação das
consciências seria, assim, a grande meta a ser alcançada pelos que passam
por Iniciações conscientemente, com a plena compreensão mística do que
está acontecendo naquele momento sublime em que entregam suas almas a
um Iniciador. Este, além de oficial ritualístico credenciado e devidamentre
preparado por uma Organização competente, séria e altruísta, deverá n a
cerimônia fazer a assunção de um Mestre Cósmico – provavelmente o que
ele mesmo tenha produzido para si no recôndito do seu sanctum privado.
Contudo, quantos dentre os iniciados que se submeteram a essa cerimônia
sagrada terão sido realmente iniciados nos Mistérios Maiores, que
compreendem a remoção momentânea do véu que encobre os Santuários do
Eu, nos quais o Ser não está voltado para o egoísmo mas, sim, precisamente
para o contrário de toda egolatria? Talvez poucos, muito poucos, pois a
própria Iniciação é em si mesma seletiva e filtra os que não estão
harmonizados com a Mente Cósmica, ou seja, com o totum da Consciência
do Ser. Este, em seu eterno movimento e progresso cria a necessidade da
Iniciação, em todos os níveis da Manifestação da Vida, que os profanos,
incluindo-se aí os profanos religiosos, chamam de a Criação, ou a Obra de
Deus. Contudo, muitos passam pelo crivo da Mente Cósmica e conseguem
galgar degraus na escada mística da evolução da consciência. No acesso a
tais patamares da compreensão é que se situa a Alta Iniciação, ou seja, a
Iniciação verdadeira, aquela que não é apenas uma cerimônia ritualística,
mas peça viva do drama cósmico, no qual o Iniciado realmente evolui como
criatura autoconsciente, capaz de assumir a Consciência Cósmica como seu
manifestante ativo – e não mais passivo – podendo interagir com os Mestres
Cósmicos e com as Leis Cósmicas, que são entidades viventes e dotadas não
só de autoconsciência mas de um nível muito avançado e indescritível por
palavras de compreensão dos eventos cósmicos e de toda a cosmogonia.
Devo dizer que o que aqui se expõe é matéria repensada de temas já tratados
em meu livro “O Eremita”, no qual externo conclusões oriundas da
experiência pessoal como anacoreta, ao longo de oito anos, durante os quais,
totalmente apartado do mundo físico, trabalhei orei e estudei, procurando um
encontro com o Absoluto, que me capacitasse a ser um operário digno e
proficiente na Senda da Grande Obra. Na condição de estudante do
Rosacrucianismo procurei conjugar a Metafísica R+C com a disciplina
monástica preconizada pela Igreja Católica Apostólica Romana para seu
Círculo Interno, tal como se dispõe para a Ordem de São Bento, à qual não
pude me filiar como cenobita pelo fato de ser estudante de Rosacrucianismo,
já então Membro Vitalício da AMORC, estudando nos Planos (Graus
Superiores do Sistema Antigo de Ensino, concebido pelo Mestre Alden e
implementado pelo Mestre Validivar. Creio que esse relato possa ser útil
para os estudantes sinceros de Misticismo e de Ocultismo, mesmo que
estribado em conceitos que venham a ser rotulados de cristãos, porque
entendo que o rótulo religioso é apen as um pilar no qual um princípio
universal se assenta, para servir de base a conclusões próprias que podem ser
tiradas por quem decida meditar sobre a matéria. Vindo Catolicismo como
religião-raiz, da minha família, e tendi sido ordenado Exorcista, na qualidade
de Irmão Leigo, aos 19 anos de idade, pelo eremita Dominicano Frei
Rosáerio Joffily, de quem fui discípulo na Serra da Piedade, em Minas
Gerais, passei depois por outras experiências religiosas, às quais fui atraído
por questões de karma, tendo sido ordenado também, posteriormente,
Sacerdote da Antiga Religião Yoruba (Ritual Ketu). A Religião Cristã e a
Religião Africana são ligadas por algo em comum, o sacrifício votivo de
sangue: em uma, o Salvador é imolado na cruz, depois de vilipendiado e
torturado, na outra um animal inocen te é sacrificado a uma Divindade, sendo
o seu corpo devorado em um repasto comunal sagrado. Apesar de terríveis,
ambas as situações expressam claramente que este Universo em que a Terra
gira é baseado no Princípio da Devoração, pelo qual uns seres comem os
outros para se manter existindo, física e espiritualmente (metafisicamente
falando). Conheci também de perto o Espiritismo, embora não o tenha
praticado e considero importante nessa doutrina, também lighada à
Cristandade, o fato de abrir perspectivas para a comunicação mental entre
vivos e desencarnados, o que realmente pode acontecer, sob determinadas
circunstancias e para atender a determinadas finalidades, para as quais a
Mente Cósmica se encontra sempre receptiva. O fato é que no Ocidente toda
a religiosidade é cristã e esta perpassa, conseqüentemente, todo o Misticismo
ocidental, nisso incluídas as instituições esotéricas que se dizem não-
religiosas. Como este não é um discurso para orientais, mas p ara ocidentais,
acredito que deva ser proferido em bases reais, vinculadas, portanto, a
realidades ocidentais. Uma realidade, por exemplo, é que grande parte,
senão a maior, dos que ingressam em uma Ordem ou Fraternidade esotérica
e iniciática são oriundos do Espiritismo. Quando se fala em Cristandade e
apesar do crescimento contínuo do Protestantismo, inclusive na condição de
novo e cada vez mais forte aliado do Imperialismo, não se pode deixar de
considerar, principalmente no Brasil e em toda a América Latina, a
importância religiosa, social e política da Igreja Católica Apostólica
Romana, que, nesta parte do mundo, ainda consegue influir no poder
temporal e até mesmo comandar dentro de governos, democráticos ou não.
Façamos, então, um breve exame, com enfoque esotérico, voltado para o
Rosacrucianismo, das relações entre este e a Igreja.
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