Título: 333
Autor: Pedro Sena-Lino
N.º de Págs.: 186
PVP: 15,9€
Sinopse:
Esta é a história de um livro e de todos os seus 333 exemplares impressos.
É a história secreta do impacto de um livro na vida de cada um dos seus leitores, e de como um rectângulo de papel pode transformar uma vida.
A minha opinião
“São os livros que te escolhem – não és tu que escolhes os livros. O livro é um mundo à procura do seu leitor.” Confesso que até à data ainda não tinha lido qualquer livro de Pedro Sena-Lino, autor que me surpreendeu pela sua escrita criativa. Baseado nas cartas de soror Mariana Alcoforado e nas suas Cartas Portuguesas, Pedro Sena-Lino conta-nos a história dos 333 exemplares de um livro de soror Flâmula da Encarnaçam que quase na sua totalidade trouxeram desgraça para quem os leu ou adquiriu. Contrariamente a Mariana Alcoforado, que não tinha qualquer vocação religiosa, Flâmula ingressou na vida religiosa por sua própria vontade, após ter sofrido um desgosto de amor. Por isso mesmo, em recolhimento, decide escrever um livro onde conta todos os seus anseios e desejos sobre o amor não vivenciou. O livro relata ainda a história de Frei Josué de Sarça Ardente, primeiro grande censor livresco português que, além de ter prendido muitos judeus que se recusaram a baptizar ou a praticar, em tudo o que fez, esteve sempre o livro de Flâmula, cujo desejo de destruição era urgente. Um livro que se lê de uma assentada. Recomendo.
Excertos
“Os livros cumprem o seu destino, e morrem dele”
“Quando um livro se abre, solicita-nos, pede-nos. Convoca-nos: não estamos apenas no voltar das páginas, ou ao segurá-lo. Abre-se porque precisa do que o leitor é e lhe dá. O livro é vivo pela vida do leitor. E, por isso, não se abre logo; revela-se, tanto quanto dois mundos se tocam ao final das suas geografias – e aí, apenas nesse lugar onde dois extremos se ligam, se cria o imaginário, a eternidade dos vivos”.
“Um livro não nos pertence: mas quem lhe deu vida une-se ao destino da história, as suas veias abrem-se para os mares da cabeça do leitor, e vive até o último leitor morrer”.
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