domingo, 30 de setembro de 2007

Novo Blog para navegar...


Queridos amigos... um sonho está se tornando realidade... o FIRIMFIMFOCA - Histórias de uma fada carioca está quase no ar. Caso queiram descobrir um pouco mais, estamos revelando tudo em pequenas doses no blog http://firimfimfoca.blogspot.com . Apareçam por lá e torçam para que os últimos ajustes caibam no nosso desejo. Nossa homenagem a Sylvia Orthof está batendo na casca, querendo sair... Está quase na hora!!!

Vida de Pi (A) - Yann Martel

Em Julho de 1977 um navio de carga japonês chamado Tsimtsum afundou-se em pleno Oceano Pacífico sem que, até hoje, se conheça as razões para tal naufrágio. Nesse navio, uma tripulação de vários homens, uma família de 4 pessoas e dezenas de animais selvagens perderam a vida sem que alguma vez qualquer corpo, ou parte ele, aparecesse. No entanto, houve alguém que sobreviveu para contar uma história tão surrealista que é difícil perceber onde acaba a realidade e começa a ficção, esta é a sua história.
Piscine Molitor Patel é um miúdo indiano que vive com os seus pais e irmão numa aldeia indiana chamada Pondicherry. O seu pai é director e dono do Jardim Zoológico local e isso dá azo a considerações muito interessantes de Patel sobre vários animais e, achei especialmente interessante a tese dele sobre o facto de os animais serem mais felizes a viver em cativeiro do que aqueles que vivem em estado selvagem. Não só tece as considerações, como dá exemplos históricos para provar a sua tese. E estas considerações não só são muito interessantes e didácticas, como também são muito importantes para o desenrolar da história, pois é através delas que percebemos o comportamento de certos animais.

Patel é um miúdo de 16 anos iguais a tantos outros. Adora a sua vida e adora igualmente o jardim e os animais que nele habitam. No entanto Patel tem um pequeno problema: não acha piada ao seu nome. Esse estranho nome foi-lhe dado em honra da Piscine Molitor, piscina que fazia a glória aquática de Paris por alturas dos Jogos Olímpicos de 1924. Imaginem alguém com nome de piscina. E vai daí, o seu nome era alvo de constante gozo por parte dos colegas e mesmo os diminutivos não ajudavam muito à festa... Pissinha Patel era um deles... imaginem o diálogo: "Ó Pissinha, está a mijar pra parede?". Até que um dia ele se lembrou e escreveu no quadro da escola "O meu nome é Piscine Molitor Patel, conhecido por todos como Pi Patel. Pi=3,14". Nasceu Pi Patel, também chamado O 3,14 Patel, aquele que se escondia debaixo de um telhado assente em dois postes. Curioso!

Patel é muito curioso e tal curiosidade leva-o a adoptar três religiões completamente distintas: Cristã. Hindu e Islâmica. Aqui Patel tece considerações muito curiosas e pertinentes sobre as três religiões, compara-as, professa-as e chega à conclusão que o étimo das três é o mesmo, existindo apenas um só Deus comum a todas elas.

Posteriormente e devido a problemas políticos, a família resolve emigrar para o Canadá. Vendem grande parte dos animais e resolvem levar os restantes consigo a fim de os vender nos Estados Unidos.

No dia 21 de Junho embarcam, a 2 de Julho, o navio naufraga.

A partir desse fatídico dia inicia-se a segunda parte do livro e aquela onde os acontecimentos são mais marcantes, onde o sentido do livro vem ao de cimo.

Sem saber muito bem como, vê-se num bote salva-vidas com uma zebra ferida, uma orangotango fêmea, uma hiena malhada e um poderoso tigre de Bengala. Surrealista são os acontecimentos que sucedem. Durante 227 dias, os mecanismos da cadeia alimentar sobressaem de uma forma natural e cruel. Quase a raiar a loucura, Pi Patel narra uma aventura onde a convivência entre as espécies é estranha, onde por vezes somos assaltados pela dúvida da veracidade do relato, pois os acontecimentos são tão surreais, violentos e fantásticos que, não só é difícil acreditar como também é impossível imaginarmos tal horror.

Mas Patel explana uma espantosa história de coragem e de resistência perante circunstância extraordinárias e tragicamente difíceis, uma verdadeira odisseia hipnotizadora onde, quase como um impacto, uma questão primordial se levanta: Existe Deus? Se existe, de certo protegeu e acompanhou Pi Patel.

Yann Martel, escritor espanhol residente no Canadá, descobriu esta história um pouco por acaso. Desde logo contactou Piscine e após algumas conversações, acabou por convencer Patel a contar a sua aventura. Em formato de diário, dividido em 100 capítulos, Martel constrói um livro fabuloso, de um humanismo tão profundo quanto animalesco.

Um humanismo tão profundo quanto animalesco...

Esta expressão é devido à fase final do livro. É que esse final é simplesmente desconcertante. Nesse final ficamos com uma séria dúvida, a mim pareceu-me que a história de Patel é real mas, o relato dos acontecimentos, ou pelo menos a forma como ele os conta, não passam de uma metáfora de acontecimentos ainda mais horríveis, trágicos e cruéis do que os narrados por Patel. Fiquei na dúvida e duvido que alguma vez as esclareça. Desconcertante!

Acreditem, este é um livro portentoso, uma obra prima que aconselho a todos aqueles que apreciem uma boa história e que apreciem também a possibilidade de pensar com o livro. Ele é didáctico, construtivo, verídico e faz-nos pensar da primeira à última página.

Terapia - David Lodge

David Lodge, escritor inglês, é hoje em dia um autor consagrado em todo o mundo. Com mais de uma dezena de livros escritos, cria em "Terapia" uma história que tem tanto de original, filosófico, prático, satírico como de hilariante.
Por muitos considerado como o seu melhor título, em "Terapia" temos um escritor de guiões que, depois de vários falhanços como actor, acaba, um pouco por acaso, por entrar no mundo da televisão ao escrever um guião para uma sitcom chamada "Os vizinhos do lado". Baseada na sua própria família e na da sua mulher, depressa esta série alcança um enorme sucesso nacional, levando-o a juntar uma considerável fortuna que lhe permite viver à vontade e à grande. Quando começamos o livro, já ele, de seu nome Laurence Passmore, conhecido no meio televisivo por "bolinha" Passmore, está bem na vida e as suas preocupações/obsessões andam a afligi-lo de uma forma impiedosa levando-o à depressão. E são essas preocupações/obsessões que vamos acompanhando em jeito de diário escrito por ele próprio.
Quase com 60 anos, "bolinha" Passmore tem uma vida estável: tem dinheiro, um grande carro a que ele chama de "ricomóvel", casado com uma mulher ainda vistosa e que não recusa nada na cama, dois filhos já criados e com as suas vidas independentes, "bolinha" tem aparentemente uma vida doirada. No entanto muitas e variadas pancadas afectam-lhe a vida. Sente-se infeliz, tem problemas com um joelho, já tem uma careca vistosa, é gorducho e, para ajudar à festa, tem problema do foro sexual. Que fazer? Primeiro de tudo, arranja forma de se meter em variadas terapias (fisioterapia, aromaterapia, acupunctura, psicoterapia, e outras mais), no entanto, qualquer uma delas é incapaz de lhe resolver o problema e a depressão e infelicidade aumentam de dia para dia.
É então que uma outra pancada chega à sua vida. Toma contacto com a obra de Kierkegaard, e aí a sua vida ou pelo menos a sua visão dela, toma um aspecto ainda mais angustiante, que leva a que alguns dos seus conhecidos tenham algumas considerações sobre si verdadeiramente hilariantes. Mas esta nova paixão tem também o condão de lhe fazer ver a vida sob outra perspectiva e esta é uma das verdadeiras terapias do livro. De salientar que Lodge aborda de uma forma coerente e até algo profunda a filosofia de Kierkegaard, tecendo considerações sobre a sua vida e as suas obras, descrevendo mesmo a actual casa-museu do filósofo situada em Copenhague.
Mas não acaba aqui as aventuras de "bolinha", mete-se com uma colega com a qual tem uma paixão platónica (sem sexo), um vagabundo que vai a sua casa ver futebol, uma americana que o quer levar para a cama, com uma colega que ele quer levar para a cama, uma mulher que namorou na adolescência e que de repente resolve procurar, etc, etc, etc.
Um livro onde David Lodge, através de um humor corrosivo, aflora de uma forma constantemente satírica a vida de um homem que, de repente, se apercebe que está a entrar na velhice. De uma sociedade e das relações humanas onde o sexo assume um papel catalisador nessas relações, visto e sentido como um escape para "tapar" certos "buracos" que a vida acaba por fazer.
Longe de ser uma obra prima, este romance lê-se muito bem dada a ligeireza do tema, da sua fluidez linguística e da forma muito real e palpável como os assuntos são abordados. Extremamente hilariante, dada a forma ora séria ora despreocupada como o personagem vê as "coisas", este é um livro que se lê de um fôlego (li-o em três dias) sem grandes necessidades de pararmos para pensar.
Um livro divertido, que nos faz soltar grandes gargalhadas devido à forma tão "british" como o personagem aborda as questões da sua vida e as própria sociedade.
Para finalizar, queria aqui deixar esta passagem numa altura em que "bolinha" Passmore, no apogeu do seu Síndroma da Disfunção do Joelho, vai realizar a partida semanal de ténis com três amigos seus, também nada famosos fisicamente: "jogo com outros três inválidos de meia idade: o Joe, que tem problemas graves na coluna, anda sempre com um colete e mal consegue servir; o Rupert, que teve um grande acidente de carro há uns anos e coxeia de ambas as pernas, se é que é possível, e o Humphrey, que tem artrite nos pés e uma articulação da anca de plástico. Exploramos as dificuldades uns dos outros de forma impiedosa. Por exemplo, se o Joe lança a bola para mim junto à rede, atiro-a alto, porque seu que ele não consegue levantar a raqueta acima da cabeça e, se eu estou a defender junto à linha de fundo, ele troca constantemente a direcção da bola de um lado para o outro, porque sabe que não consigo deslocar-me rapidamente por causa da liga (no joelho). Ver-nos jogar é de chorar, quer por pena, quer a rir."

Madame Bovary - Gustave Flaubert

Romance polémico, considerado a grande obra prima de Flaubert, Madame Bovary é uma espécie de radiografia de uma sociedade (francesa) que sofre de uma profunda crise moral. A forma como Flaubert escreve todo o trama, não só tocou num fenómeno (não digo qual para não desvendar o fim) que muita agitação criou naquela altura, dando azo inclusivamente a estudo sociológicos, como também deu origem a um processo movido contra Flaubert pelo Ministério Público por ofensa à moral pública e religiosa, embora esse processo fosse devido ao livro e aos vários temas abordados.
Ema é a personagem central do romance. Filha de um abastado camponês, sente-se infeliz e só na companhia do seu pai com quem ainda vive. Essa solidão é atenuada com leituras compulsivas de romances românticos que faz nascer, na sua imaginação, todo um mundo, um ideal romântico que simplesmente não existe. A literatura torna-se assim um refúgio, através da qual a personagem procura fugir da mediocridade da sua vida.
Charles Bovary, personagem que acompanhamos desde a infância, é um homem medíocre, fraco mas de boa índole, que acaba por tirar o curso de medicina e, já viúvo de um casamento arranjado com uma mulher mais velha, acaba por desposar Ema, que vê nele a sua oportunidade de mudar de vida, de ter acesso à alta sociedade.
Antes do casamento, Ema acredita que ama verdadeiramente Charles. Vê nele aquele ideal de homem que havia conhecido nos vários romances que leu. No entanto à medida que o tempo passa, alguma coisa a faz afastar-se dele, alguma coisa a faz sentir repulsa pelo marido. Para Ema, aquela não era a vida que ela havia desejado. No entanto acaba por engravidar e mesmo depois do nascimento da criança a rotina acaba por se instalar, sempre a rotina, tudo é fastidioso, ela sente-se presa, atrofiada, muito infeliz.
É devido a essa infelicidade e por acreditar na felicidade e no ideal dos romances construído na sua mente que Ema acaba por se envolver com um nobre que vive nos arredores da aldeia. Um aventureiro que vê em Ema apenas mais uma conquista, algo para usar e deitar fora. De notar que Ema vive realmente a ilusão de uma paixão desenfreada, ela acredita que esse ideal criado na sua imaginação é real e que ela é a encarnação dessas heroinas romanticas.
Madame Bovary é uma obra tida como realista e que pretende caracterizar a sociedade francesa tocando num assunto ainda hoje tabu: o adultério. A obra, embora tenha criado um grande celeuma na altura, decepcionou-me bastante. É algo enfadonha, as situações chegam-se a arrastar de um modo cansativo, apenas ganhando interesse devido à forma irónica como Flaubert descreve todas as acções dos personagens. Contudo achei interessante a forma como Flaubert caracteriza os vários tipos sociais: o homem conformista, a nobreza decadente, a pequena burguesia que almeja a ser grande, os grandes burgueses e a ostentação da sua riqueza e até a falta de moral religiosa que, parece-me, estava em voga naquela altura. Todas estas personagens compõem o cenário da vida medíocre e cheia de intrigas e hipocrisias.
Estava realmente à espera de muito mais e melhor dada a fama que precede a obra. Muitíssimo bem escrito, com uma construção narrativa muito cuidada, o livro torna-se monótono e muito honestamente se não fosse a ânsia de saber qual o destino de Ema e dos personagens, provavelmente não o leria até ao fim, no entanto, o fim revela-se uma surpresa. Embora já estivesse à espera de algo semelhante, dada a sua previsibilidade, pois a o caminho que Flaubert constrói torna-se num caminho tortuoso e sem regresso, mas a forma fria e crua como Flaubert descreve os acontecimentos, criaram em mim um sentimento de angústia e tristeza. Fiquei verdadeiramente triste com o fim.
Por último não compreendo o porquê do alvoroço que esta obra criou. As descrições não são nada de especial, aliás, bem vistas as coisas nem existem descrições dos encontros sexuais de Ema. A forma como ela se comporta é realmente leviana, demonstrado também total desrespeito pela sua família e até por ela própria. Flaubert também tece algumas considerações nada abonatória contra a igreja e mesmo a forma leviana como ele aborda o grande fenómeno social da época é também chocante. No entanto seria isto motivo para essa grande algazarra que levou o Ministério Público a processá-lo por ofensa á moral pública e religiosa?

Nação Crioula - José Eduardo Agualusa

José Eduardo Agualusa, autor angolano mas com fortes raízes culturais lusas, é, hoje em dia, um nome sonante no meio literário português e, talvez. o mais sonante do universo angolano.
Desconhecendo por completo a sua escrita, este foi o primeiro e, até agora o único livro que li deste autor e as ilações são muito positivas.
Poucas páginas depois de ter começado, já não conseguia desgrudar do livro, tal a forma fluída, simples e atraente da sua escrita. Honestamente, Agualusa foi dos poucos escritores que me conseguiram prender logo nas primeiras páginas do primeiro livro, apenas com o grande Eça isso havia acontecido e nem Saramago me havia entusiasmado dessa maneira. Mas Agualusa tem efectivamente “aquele” dom de contar histórias, “aquele” dom mágico de prender o leitor à sua narrativa, fazendo com que o leitor se sinta parte integrante da narrativa, parceiro dos personagens.
É o próprio autor que afirma que a grande fonte de inspiração, aquele que o levou a ser escritor, foi o mestre Eça de Queiróz. Conhecedor e fanático da obra de Eça, nota-se em Agualusa o estilo e até mesmo uma certa ironia que efectivamente faz lembrar Eça, no entanto seria injusto afirmar que o estilo é o mesmo. Não, Agualusa cria um estilo, uma forma de narrar diferente, tornando-o, na minha opinião, um dos grandes escritores lusófonos da actualidade e, de certeza, de um dos grandes escritores do futuro a nível mundial.
Nesta obra, Agualusa inspira-se nas cartas de Fradique Mendes, personagem criada por Eça de Queiróz, para recriari a sociedade colonial em Angola no século XIX.
Fradique é um escritor português que chega a Luanda em 1868. O tema de fundo é a escravatura que embora tenha sido oficialmente abolida em 1836, na realidade é um negócio rentável, pois os negros continuam a ser enviados para o Brasil.
Todo o livro é composto por cartas que Fradique vai enviando à sua madrinha, narrando a sua vida em Luanda e tudo o que vai observando. Entretanto acaba por se apaixonar por uma ex-escrava, na altura uma mulher livre, mas que acaba por ser ver novamente na escravatura. Curioso verificar que o melhor amigo de Fradique dá pelo nome de Eça de Queiróz, e também para ele Fradique Mendes escreve cartas.
Um excelente livro onde Agualusa descreve a sociedade hipócrita da altura. Uma sociedade onde a mentira e os compadrios reinavam, cheia de falsas imagens sociais e de gente que se vendia por qualquer preço.

Magia Elemental, de Ali Mohamad Onaissi

INTRODUÇÃO
Este livro é o primeiro de uma série, lançada pelos membros do
Instituto Arcanjo Michael (IAM), de São Bernardo do Campo, que tem como
finalidade divulgar sinteticamente a Sabedoria Esotérica, dispersa e muitas
vezes confusa. Apesar de não estar filiado a nenhuma escola ou
instituição(respeitamos todas obviamente), o IAM defende uma linha
eminentemente gnóstica, universalista, por reconhecer que em seu espírito e
seus ensinamentos manifestam−se os verdadeiros valores contidos nas
vibrações espirituais da Era de Aquário.
MAGIA ELEMENTAL pretende entregar ao leitor uma visão mais
ampla, inteligível, desse mundo paralelo ao nosso, mágico e poderoso,
luminoso e cheio de vida, conhecido cientificamente como 4a. Dimensão, que
sempre foi visitada pelas mentes inspiradas dos grandes Buscadores dos
Mistérios. As práticas, os mantras, os nomes sagrados, as conjurações etc.,
inseridos aqui podem ser praticados pelo leitor para que ele perceba a
realidade maravilhosa desses seres elementais que povoam abundantemente
a natureza. Isso serve para nos conscientizarmos mais profundamente ainda
sobre a manifestação maravilhosa de Deus dentro de Sua Criação. Onde
houver vida e harmonia, ali Ele estará.
A novíssima Era aquariana requer pessoas práticas, que sintam,
vejam e apalpem as realidades supra−físicas da natureza, para que eles
deixem de simplesmente acreditar e passem a vivenciar, aprendendo
diretamente da própria Natureza.
Este livro pretende resgatar uma Sabedoria Superior mantida pura
pelas Escolas de Mistérios. Essa Sabedoria elemental foi venerada e
profundamente vivenciada pelas portentosas culturas e civilizações do
passado, como a egípcia, a maia, a grega etc. Cremos que já é mais do que
hora trazermos à tona a Luz dos grandes Deuses da Natureza, os Gurus−
Devas, Aqueles que escolheram a Senda Dévica, para que nós mesmos
sejamos os maiores beneficiários.
A sabedoria gnóstica afirma que existem milhares de Templos e
Igrejas elementais ocultos no mundo etérico. Se formos dignos de penetrar
em suas portas, temos certeza que lá encontraremos Seres desejosos de
entregar seu Amor, Sabedoria e Mistérios para que possamos adquirir em
Paz nossa verdadeira identidade espiritual.
Esperemos que o conteúdo desta pequena obra, feita com muito
carinho para você, seja útil para sua cultura intelectual e seu anelo espiritual.
Aguarde para breve outras publicações. Boa leitura...

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sábado, 29 de setembro de 2007

Do Nascimento do Menino Jesus, de Raimundo Lúlio / Ramon Llull

CARTA AO MAGNÍFICO SENHOR REI DA FRANÇA

Ao ilustríssimo e magnífico senhor Filipe, pela graça de Deus rei da França, gloriosíssimo e insigne por muito sincera caridade. (1)

Que o menino para nós nacido, um filho que se nos deu (2), e que ansiamos por encontrar, Jesus Cristo feito Homem, conceda-vos bom governo e vos oriente por inteiro a procurar a sua glória e a sua honra. Assim, clementíssimo Rei, aceitai com alegria este opúsculo, no qual, como um peregrino, podereis de algum modo contemplar o abençoado Recém-nascido, alcançando a contemplação de ambas as naturezas d'Ele, que juntamente com o Pai e com o Espírito Santo reina, Deus bendito em trindade de pessoas. Amém.

Proêmio

Ah, Senhor! Inspirai naqueles que crêem em Vós o afeto e a ação de fazerem-se semelhantes a Vós, e o irrevogável propósito de manterem-se constantes em tal pensamento, e de não terem nenhuma parte com os infiéis, e de cumprirem os mandamentos da vossa lei. Fazei-nos, Senhor, verdadeiros sem orgulho, humildes sem fingimento, alegres sem devassidão, justos sem erros, serenos sem jactância, pobres sem miséria; sem avareza, ricos; sábios mediante o estudo, sem vontade de parecer arrogantes.

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sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A Inquisição, Michael Baigent e Richard Leigh

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Segundo Michael Baigent e Richard Leigh, a 1 de novembro de 1478, uma Bula do Papa Sixto IV autorizava a criação de uma Inquisição Espanhola. Confiou-se então o direito de nomear e demitir aos monarcas espanhóis. O primeiro Auto da Fé foi realizado a 6 de fevereiro de 1481, e seis indivíduos foram queimados vivos na estaca. Em Sevilha, só em novembro, 288 pessoas foram queimadas, enquanto setenta e nove foram condenadas à prisão perpétua. Em fevereiro de 1482 o Papa autorizou a nomeação de mais sete dominicanos como Inquisidores, entre eles, Tomás de Torquemada. Este viria a passar à história como a face mais aterrorizante da Inquisição. Em abril de 1482, o próprio Papa emitiu uma bula, na qual concluía: ¨A Inquisição há algum tempo é movida não por zelo pela fé e a salvação das almas, mas pelo desejo de riqueza¨. Após essa conclusão, revogaram-se todos os poderes confiados à Inquisição e o Papa exigiu que os Inquisidores ficassem sobre o controle dos bispos locais. O Rei Fernando ficou indignado e ameaçou o Papa. A 17 de outubro de 1483, uma nova bula estabelecia o Consejo de La Suprema y General Inquisición para funcionar como a autoridade última da Inquisição, sendo criado o cargo de Inquisidor Geral. Seu primeiro ocupante foi Tomás de Torquemada. Até a sua morte em 1498, Torquemada teve poder e influência que rivalizavam com os próprios monarcas Fernando e Isabel. Sob os inflexíveis auspícios de Torquemada, o trabalho da Inquisição espanhola prosseguiu com renovada energia. A 25 de fevereiro de 1484, 30 vítimas foram queimadas vivas em Ciudad Réal. Entre 1485 e 1501 foram queimadas 250 pessoas em Toledo. Em Barcelona, em 1491 três foram executadas e 220 condenadas à morte em in absentia.

Os procedimentos da Inquisição

Segundo Michael Baigent e Richard Leigh ao chegar a uma localidade, os Inquisidores proclamavam que todos seriam obrigados a assistir a uma missa especial, e ali ouvir o "édito" da Inquisição lido em público. No fim do sermão, o Inquisidor erguia um crucifixo e exigia-se que os presentes erguessem a mão direita e repetissem um juramento de apoio à Inquisição e seus servos. Após este procedimento lia-se o "édito",que condenava várias heresias , além do Islã e o judaísmo, e mandavam que se apresentassem os culpados de "contaminação". Se confessassem dentro de um "período de graça" poderiam ser aceitos de volta à igreja sem penitência, porém teriam que denunciar outras pessoas culpadas que não tivessem se apresentado. Não bastava denunciar-se como herege para alcançar os benefícios do "édito", deveria denunciar os cúmplices. O ônus da justificação ficava com o acusado. Essa denúncia foi usada por muitos como vingança pessoal contra vizinhos e parentes, para eliminar rivais nos negócios ou no comércio. A fim de adiantarem-se a uma denúncia de outros, muitas pessoas prestavam falso testemunho contra si mesmas e denunciavam outras. Em Castela, na década de 1480, diz-se que mais 1500 vítimas foram queimadas na estaca em conseqüência de falso testemunho, muitas delas sem identificar a origem da acusação contra elas. Nas sessões de interrogatório os Inquisidores esforçavam-se para evitar o derramamento de sangue a que foram proibidos nas torturas. Idealizavam os métodos de modo a adequar-se às restrições prevalecentes. Reservava-se a pena de morte, aplicada pelo braço secular (o Estado) basicamente para os hereges não arrependidos, e para os que haviam recaído após conversão nominal ao catolicismo.

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Uma parte ajuda no todo...

Pois bem! No último sábado, 22 de setembro, encontramos apenas 16 crianças no Projeto. É que a Néia havia conseguido um passeio para a Água Mineral (parque com piscinas naturais) no mesmo horário e algumas crianças aproveitartam o calor e a oportunidade para se refrescar desta seca sufocante. As chances de um bom passeio são poucas para esta meninada... então seguimos com poucas crianças, mas seguimos!
Eu levei o mosaico de Kirigame feito com algumas rendas de papel criadas pelas crianças no sábado anterior. Penduramos na parede da sala de leitura. Todos gostaram muito. Bacana saber que uma parte de cada um serviu para um todo muito bonito.
Juliana vestiu meu gorro e contou O Duende da Ponte, uma história que gostamos muito, repleta de adivinhas absurdas que testam a esperteza - ou a falta de - do duende. Brincamos com as adivinhas e todos ficamos ligados na aventura. Na oficina de artes abri contando A Galinha Ruiva para introduzir uma nova ave de origami. As crianças pintaram o papel e aos poucos foram descobrindo o animal. Na foto acima Wendel, Ítala e Guilherme exibindo suas criações.
O lanche foi pipoca e suco. Na hora da foto, um flagra da Lisianny, coitada, que, de tanto fazer galinha, se amarrou num milho e atracou-se com a pipoca!!! Esqueceu que tinha mãos e saiu bicando pipoca pra lá, pipoca pra cá!!! Ê, trabalheira e diversão... Tô fraca, tô fraca, tô fraca...
No final, antes da música, um bate papo para saber se alguém tinha algo para contar sobre os livros que têm lido. Deixamos todo mundo à vontade e apenas três crianças falaram das suas leituras. Foram relatos simples que mostraram um entendimento da leitura. Acreditamos que fuçando mais um pouco vamos conseguir mais atenção das crianças para o que lêem. Esperamos que no sábado que vem tenhamos novas descobertas. That´s all, folks.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Bastidores pipocando de felicidade...

Este 27 de setembro poderia durar uma semana!!! Está sendo um dia SUPER!!! Cheio de grandes novidades que pipocaram felicidade durante o dia inteiro. Como não posso compartilhar tais novidades com vocês, pois são coisas de bastidores, resolvi postar essas fotos tiradas pela Edna no último sábado, pois são cliques dos bastidores do último sábado, 22/09. Diferente das que costumamos postar por aqui, as fotos da Edna captam o olhar dos adultos. Mostram o peito pipocando de felicidade. Valeu, Edna.

Bem, na foto acima, ninguém pode dizer que eu não visto a camisa dos Roedores de Livros (hehehe).

Nesta outra, Tino e Juliana descobrem os Nove Chapeuzinhos de Flávio de Souza (livro novo). Parece muito legal!!!
Aqui, uma pausa na fantasia. Wanessa de duende, Lisianny pensando na morte da bezerra, Tiago pegando um colo emprestado, além de um bate papo informal lá no cantinho...
Neste close, o Tino em ação... pena que não dá para ouvir! Mas é a música nova que ele fez ali mesmo, minutos antes, e que todo mundo aprendeu e cantou junto!!!
Essa não é de bastidores dos adultos, mas é um clique da Deysiane na hora que a gente cantou de surpresa os parabéns para ela!!! Olhem bem... é um misto de felicidade e timidez... estou certa de que seu coraçãozinho estava a mil por hora. Assim como o meu e o do Tino nesta quinta...
Bem, antes que alguém pense que vem um roedorzinho de livro por aí... nanananadica de nada!!! Mas, parece que outros muitos roedores vão circular em busca de livros por aí afora... Dá uma vontade de abrir a janela do carro no eixão, colocar a cabeça pra fora e gritar: -uhúúúúúúú!!!

P.S. As fotos estão aquareladas.

Livro do amigo e do Amado, de Raimundo Lúlio / Ramon Llull

Sobre a vida que levava o ermitão Blanquerna

Blanquerna costumava levantar-se à meia noite, abria as janelas de sua cela para ver o céu e as estrelas e começava sua oração o mais devotadamente que podia, de tal modo que toda a sua alma estivesse mergulhada em Deus e seus olhos em lágrimas e prantos. Blanquerna contemplava Deus e chorava longamente até a madrugada. Depois entrava na igreja, tocava para as matinas, e vinha o diácono que o ajuda a rezá-las. Após a aurora, cantava a missa. Terminada a missa, Blanquerna dirigia algumas palavras sobre Deus ao diácono, para que se enamorasse dEle, e ambos, falando de Deus e de suas obras, choravam juntos por causa da grande devoção que sentiam nas palavras que diziam. Depois disto, o diácono entrava na horta, trabalhava um pouco e Blanquerna saía da igreja e distraía sua alma do trabalho que tinha suportado, e dirigia seu olhar para as montanhas e as planícies para daí tirar alguma recreação.

Logo que Blanquerna se sentia reconfortado, entrava em oração e contemplação ou lia os livros da Divina Escritura ou o "Livro de Contemplação", e permancia assim até a hora de terça. Depois, rezavam a terça, a sexta e nona; e depois da terça, o diácono retornava e preparava algumas verduras ou legumes para Blanquerna. Na horta, ou em outras coisas, Blanquerna trabalhava para não ficar ocioso e ter melhor saúde. Entre o meio-dia e a hora de nôa, depois de ter comido, voltava sozinho à igreja para dar graças a Deus.

Terminada a sua oração, costumava passear uma hora pela horta até a fonte, ou por todos aqueles lugares onde melhor pudesse alegrar sua alma. A seguir, dormia para melhor aguentar o trabalho da noite. Terminado o sono, lavava suas mãos e o seu rosto e esperava até que tocassem as vésperas, para as quais voltava o diácono. Acabadas as vésperas, diziam as completas, e o diácono ia embora. Blanquerna considerava tudo aquilo que mais lhe agradasse e melhor o preparasse para entrar em oração.

Após o pôr-do-sol, Blanquerna costumava subir ao terraço que estava sobre a sua cela e permanecia em oração até o primeiro sono, olhando o céu e as estrelas com os olhos chorosos e o coração devoto, absorvido nas honras de Deus e nas faltas que os homens cometem contra Ele neste mundo. Blanquerna, contemplando do pôr-do-sol ao primeiro sono, ficava em tão grande recolhimento e fervor, que, já uma vez na cama e dormindo, às vezes lhe parecia que continuava com Deus, tão forte era a sua oração.

Blanquerna permaneceu nessa vida e nessa felicidade até conseguir que todas as pessoas daquelas redondezas tomassem grande devoção às virtudes do altar da Santa Trindade que havia naquela capela. E, movidos pela devoção, vinham à capela muitos homens e mulheres que perturbavam Blanquerna em sua oração e contemplação. E para que as pessoas não perdessem a devoção que tinham àquele lugar, hesitava em dizer-lhes que não viessem mais, e por isto Blanquerna mudou sua cela para um monte que distava uma milha da igreja e outro tanto do local onde ficava o diácono. Permaneceu nesse lugar e não queria à igreja nas horas em que aí houvesse gente, nem queria que algum homem ou alguma mulher viesse para aquela cela para onde se tinha mudado.

Assim viveu o ermitão Blanquerna, considerando que nunca estivera em tão prazerosa vida nem tão bem disposto para levantar sua alma a Deus. Tão santa vida era aquela em que Blanquerna estava que Deus o abençoava e encaminhava para lá todos os que tinham devoção pelas virtudes daquele lugar onde estava a capela; e assim o Papa, os cardeais e seus oficiais cresciam na graça de Deus pela santa vida de Blanquerna.

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quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Olhos acesos, sorrisos abertos...

Rubem Alves diz que é preciso desaprender para ganhar novos conhecimentos. É preciso esquecer os paradigmas para novos avanços. Não é um exercício fácil. Eu, por exemplo, nunca gostei de livros que nasceram de filmes, desenhos animados e outras mídias sem papel. Tão certo como dois e dois são quatro, estes livros não merecem repousar nos meus olhos nem testar a resistência da estante aqui de casa. Devem haver exceções, mas não lembro agora. Assim pensava eu até me deparar com crianças de olhar aceso e sorriso aberto em cima de uns livros sobre uns personagens que eu havia visto de relance num programa vespertino de TV. As páginas pareciam pular nos olhos daqueles pequenos, sentados no chão acarpetado de uma dessas grandes livrarias. Resolvi pegar um dos três livros da série para uma rápida leitura enquanto saboreava um café. Não tinha dúvidas de que seria um livro repleto de imagens e cores. Mas o texto era de uma simplicidade e inteligência absurda que acabei trazendo Charlie e Lola – Eu Sou Muito Pequena para a Escola (Lauren Child, Editora Ática) para casa.
Charlie tem sete anos e Lola, quase cinco. São irmãos. Na história, o irmão mais velho tenta convencer a menina de que ela já é grande o suficiente para ir à escola. Lola discorda e se derrama em explicações. Charlie, rebate cada justificativa com argumentos criados à altura para conquistar a personalidade teimosa da irmã. Ao final, a pequena convida seu amigo invisível (Soren Lorensen) e descobrem a escola como um lugar de novos amigos e saberes. O tema é interessante e só a forma como a autora o desenvolve já valeria uma resenha. Mas o livro ainda é LINDO!!! As ilustrações se mesclam com texturas e fotos numa gigantesca e genial colagem. Surgem de todos os cantos das páginas. As palavras passeiam pelo texto em círculos, linhas sinuosas. Voam como borboletas num céu de papel. Tudo é muito BELO!!! Outra coisa que não passa despercebida é a ausência física de adultos na história. Charlie e Lola são retratados num mundo quase que exclusivamente infantil. A presença dos mais velhos naquele universo é minimamente sugerida nos diálogos. Também acho difícil imaginar um irmão com a paciência e sabedoria de Charlie mas, lembrem-se, este é um mundo de fantasia! Por isso, embarque sem preconceitos! A autora e ilustradora Lauren Child publicou várias histórias de Charlie e Lola pelo mundo mas, no Brasil, até hoje foram publicados apenas três: Eu Não Quero Dormir Agora e Eu Nunca Vou Comer um Tomate, além do título resenhado acima. Todos abordando temáticas que permeiam a vida dos pequenos.
Depois de ler o livro, me entreguei aos prazeres de também assistir aos desenhos animados exibidos na TV Cultura de segunda a sexta, às 17h45. Se vocês – como eu – não podem estar em casa sempre neste horário, ou se por aí não dá para assistir a TV Cultura, invista uns reais comprando os DVDs da série. A animação segue a idéia do livro com ilustrações em 2D, texturas, fotos e filmes. Ops... pois é... a animação segue a idéia do livro, sim. O livro veio primeiro. Eu é que não sabia. Não deu para me despir ainda daquele paradigma, mas estou aberto às novas descobertas. Charlie e Lola é para ser lido com as crianças, de preferência. Mas estou certo de que seu filho vai se divertir lendo sozinho. Você também vai descobrir diálogos incríveis numa leitura solitária. Ou simplesmente vocês, juntos ou não, acenderão o olhar e soltarão o riso nas páginas coloridas desta coleção repleta de humor, criatividade e infância. Pegue um leite rosa na geladeira, o livro na estante e... huummmm... delicie-se com mais esta leitura!!! Ah, o precinho é bem legal também. Hatuna Matata!!!

P.S. Tem um site bem legal. Em inglês!!!

Magia Prática: Iniciação ao Hermetismo - O caminho para tornar-se um verdadeiro Adepto, de Franz Bardon

Introdução
Quem porventura pensa em encontrar nesta obra só uma coleção de receitas com as quais poderá alcançar fama, riqueza e poder sem nenhum esforço, ou então tenciona derrotar seus inimigos, com certeza vai se decepcionar a desistir de ler este livro.
Muitas seitas a escolas espirituais vêem no termo "magia" nada além de simples feitiçaria a pactos com os poderes obscuros. Por isso não é de se admirar quando a simples menção da palavra já provoca uma espécie de horror em certas pessoas. Os prestigitadores, mágicos de palco, charlatães, ou como são chamados, fazem um mau use do conceito de magia, o que até hoje contribuiu muito para que esse conhecimento mágico fosse sempre tratado com um certo desdém.
Já nos tempos antigos os magos eram considerados grandes iniciados; até a palavra "magia" provém deles. Os assim chamados "mágicos" não são iniciados, mas só forjadores de mistérios que geralmente se aproveitam da ignorância a da credulidade de um indivíduo, ou de todo um povo, para alcançar seus objetivos egoístas através da farsa a da mentira. Mas o verdadeiro mago despreza esse procedimento.
Na realidade a magia é uma ciência divina. Na verdadeira
acepção da palavra, ela é o conhecimento de todos os conhecimentos, pois nos ensina como conhecer a utilizar as leis universais.
Não há diferença entre magia a misticismo, ou qualquer outro conceito com esse nome, quando se trata da verdadeira iniciação. Sem se considerar o nome que essa ou aquela visão de mundo the dá, ela deve ser realizada seguindo as mesmas bases, as mesmas leis universais. Levando em conta as leis universais da polaridade entre o bem e o mal, ativo a passivo, luz a sombra, toda ciência pode ser aplicada para objetivos maléficos ou benéficos.
Como p.e. uma faca que normalmente só deve ser utilizada para cortar o pão, nas mãos de um assassino pode transformar-se numa arma perigosa. As determinantes são sempre as particularidades do caráter de cada indivíduo. Essa afirmação vale também para todos os âmbitos do conhecimento secreto.
Neste livro, escolhi para meus alunos, como símbolo da iniciação a do conhecimento mais elevados, a denominação "magia". Muitos leitores sabem que o tarô não é só um jogo de cartas destinado à adivinhação, mas sim um livro simbólico iniciático que contém grandes segredos. A primeira carta desse livro representa o mago, que configura o domínio dos elementos a apresenta a chave para o primeiro arcano, o mistério cujo nome é impronun-ciável, o "Tetragrammaton", o JOD-HE-VAU-HE cabalístico. É por isso que a porta da iniciação é o mago, e o próprio leitor desta obra poderá reconhecer a grande gama de aplicações dessa carta e o quanto ela é significativa.
Em nenhuma obra publicada até agora o verdadeiro significado da primeira carta do tarô foi tão claramente descrito como neste meu livro. Este sistema, montado com o maior cuidado e a mais extrema ponderação, não é um método especulativo, mas o resultado positivo de trinta anos de pesquisa, de exercícios práticos e de repetidas comparações com muitos outros sistemas das mais diversas lojas maçônicas, sociedades secretas a de sabedoria oriental, acessíveis somente aos excepcionalmente dotados a alguns raros eleitos. Portanto - é bom lembrar - partindo da minha própria prática a indo de encontro à prática de muitos, que com certeza ele já foi aprovado, sobretudo pelos meus alunos, a considerado o melhor a mais útil dos sistemas.
Mesmo assim ainda não foi dito a também não quero afirmar que este livro descreve todos os problemas da magia ou do misticismo; se quiséssemos escrever tudo sobre esse conhecimento tão elevado, então teríamos que preencher compêndios inteiros. Mas com toda a certeza pode-se dizer que esta obra é realmente a porta de entrada para a verdadeira iniciação, a primeira chave para a utilização das leis universais.
Também não nego que em obras de diversos autores podemos encontrar aqui a ali alguns trechos explicativos, mas dificilmente o leitor encontrará uma descrição tão precisa da primeira carta do tarô num único livro.
Não poupei esforços no sentido de ser o mais claro possível em cada etapa do curso tomando as grandes verdades acessíveis a qualquer um, apesar de ter encontrado dificuldades para colocá-las em palavras simples, a fim de que fossem compreendidas por todos. Se esse meu esforço deu resultados, é uma constatação que deixo a critério dos leitores. Em alguns casos precisei deliberadamente repetir certas afirmações para enfatizar alguns trechos especialmente importantes a poupar o leitor de um eventual trabalho de folhear constantemente o livro.
Muitas vezes já ouvi pessoas se queixarem de que interessados a alunos das ciências ocultas não teriam oportunidade de serem iniciados pessoalmente por um mestre ou guru, a que por causa disso o acesso ao verdadeiro conhecimento só seria possível para os excepcionalmente dotados ou abençoados. Muitos dos verdadeiros buscadores seriam obrigados a consultar pilhas de livros para pelo menos aqui a ali conseguir pescar alguma pérola de verdade. Portanto, quem se preocupa seriamente com a própria evolução a deseja obter esse conhecimento sagrado, não só por pura curiosidade ou pela satisfação de suas paixões mais imediatas, encontrárá nesta obra o guia certo da iniciação. Nenhum iniciado encarnado, por mais elevado que seja o seu grau de iniciação, pode oferecer ao aluno mais para o seu começo de aprendizado do que é oferecido neste livro. Caso o aluno sincero a leitor atencioso encontre neste livro o que ele até hoje procurou em vão, então a obra cumpriu totalmente a sua missão.

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terça-feira, 25 de setembro de 2007

O Livro das Bestas, de Raimundo Lúlio / Ramon Llull

Introdução

Começa aqui o livro sétimo, a respeito das bestas.

Despedindo-se do filósofo, pôs-se Félix [1] a caminhar por um vale repleto de árvores e fontes. Tendo-o cruzado, encontrou dois homens de cabelos e barba longos, vestidos mui pobremente. Saudou-os e foi por eles saudado.

- Belos senhores, disse-lhes Félix, de onde vindes e a que Ordem pertenceis? Porque, pelas vossas vestes, bem parece que entrastes em alguma Ordem.

- Senhor, responderam-lhe os dois homens, estamos vindo de terras distantes e atravessamos uma planície próxima daqui, onde um bando de animais selvagens tenta escolher seu rei. Pertencemos à "Ordem dos Apóstolos", [2] representando nossas vestes e nossa pobreza a conduta que tinham os Apóstolos enquanto estiveram neste mundo.

Admirou-se muito Félix de os dois homens terem ingressado em Ordem tão elevada como aquela dos Apóstolos e disse-lhes estas palavras:

- A Ordem dos Apóstolos é a mais nobre de todas as Ordens e quem nela professa não deve temer a morte, e sim mostrar o caminho da salvação aos infiéis que estão no erro, bem como dar aos cristãos testemunho de vida santa, tanto pelas obras como pelas prédicas: pois, o homem que esteja em tal Ordem não pode deixar de pregar e fazer todas as boas obras ao seu alcance.

Estas e muitas outras palavras disse Félix aos dois homens que se diziam da Ordem dos Apóstolos.

- Senhor, retorquiram eles, não somos dignos de levar a mesma vida perfeita dos Apóstolos; todavia, procuramos representar a imagem de sua conversão, através de nossas vestes, de nossa pobreza e da peregrinação que fazemos pelo mundo, indo de país em país. Temos esperança de que Deus há de enviar ao mundo homens de vida santa, professos da Ordem dos Apóstolos, os quais, donos de ciência e da boa palavra, saberão pregar e converter os infiéis, com a ajuda de Deus; haverão também de dar bom exemplo aos cristãos pela sua vida e palavras santas. Para que Deus se mova de piedade e os cristãos desejem o surgimento desses homens, procuramos representar a imagem dos Apóstolos.

Agradou-se bastante Félix do que lhe disseram os dois homens e tendo com eles chorado copiosamente, acrescentou estas palavras:

- Ah, Senhor Deus, Jesus Cristo! Onde estão o fervor santo e a devoção que costumavam existir nos Apóstolos, os quais para Vos amar e conhecer não temiam nem os sofrimentos nem a morte? Bom Senhor Deus, oxalá seja do vosso agrado a chegada breve dos tempos em que se torne real a vida santa que estes homens com sua imagem representam.

Dito isso, Félix recomendou a Deus os santos homens e se dirigiu para o local onde os animais selvagens procuravam escolher seu rei.

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segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Livro dos Sonhos, de João Magalhães

A LINGUAGEM DA MENTE
Para os místicos, os sonhos são mensagens divinas. Para a Ciência, são manifestações de nosso inconsciente.
Depois de uma dia inteiro de atividades e muito corre-corre, nada mais gostoso do que deitar a cabeça no travesseiro, fechar os olhos e dormir. Essas horas de repouso são absolutamente necessárias para que nosso organismo reponha as energias gastas. Mas não é só. Quando mergulhamos no sono, começamos a viver um outro processo. É como se nossa mente nos levasse a um mundo misterioso, às vezes bom, às vezes desagradável, onde tudo pode acontecer: o mundo dos sonhos. Mas, afinal, o que são os sonhos? Por que eles acontecem? As explicações variam muito, de acordo com nossos costumes e modo de vida. Para os religiosos, as imagens que nos visitam quase todas as noites são mensagens divinas ou demoníacas. Já os estudiosos da paranormalidade encaram os sonhos como a manifestação de poderes mentais que não dominamos quando estamos acordados - coisas como premonição, telepatia, etc. Há também os estudos científicos. Os mais famosos foram apresentados pelos psicanalistas Sigmund Freud e Carl Jung. Freud conclui que os sonhos são uma espécie de válvula de escape usada para realizarmos nossos desejos proibidos. Jung foi ainda mais longe ao afirmar que os sonhos são também uma forma de expressão do inconsciente coletivo, que,segundo ele, é um oceano de formas, símbolos...

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domingo, 23 de setembro de 2007

A peleja entre o cangaceiro o cavaleiro e o roedor...

A primeira vez que vi Lampião & Lancelote (Fernando Vilela, Cosac & Naify) foi na Feira do Livro de Brasília de 2006. Fiquei louco com as gravuras, o tamanho do livro... mas o preço me assustou e, embora ele gritasse por mim no stand da distribuidora, não lhe dei ouvidos. Confesso que dei uma olhadinha de leve no texto mas tive preguiça e fiquei com aquela idéia de que era somente um livro bonito. Devo desculpas ao Fernando Vilela.
Um ano depois, no mesmo stand, no último dia da Feira do Livro, resolvi atender aos apelos do livro e trouxe-o para casa. Deixei-o na cabeceira da cama por uns dias e hoje pela manhã armei uma rede cearense, presente de meu querido pai, e deitei os olhos com a devida atenção que os lendários personagens mereciam. Não cedi à tentação do balanço da rede. Rasguei o plástico e deitei o livro sobre meus braços. Deitamos todos: a rede, no quarto; eu nela; o livro em mim; meus olhos no livro. Devo desculpas ao Fernando Vilela. O livro é um brinde para o olhar. Os detalhes em prata e cobre saltam das folhas e dão movimento às cenas. Mas o livro não é só imagem e é aí que ele surpreende!!! O texto demonstra pesquisa, cuidado, precisão. Parece que cada palavra foi entalhada no poema com a benção do cordelista Leandro Gomes de Barros.
O livro trata do fictício encontro-duelo entre o cangaceiro Lampião e o cavaleiro inglês Lancelote. Munido de vasta pesquisa iconográfica e literária, o autor desfila estilos. Ao retratar o bravo cavaleiro dos tempos medievais Fernando usa setilhas, ou seja, sete versos de sete sílabas e rima em ABCBDDB. Quando o mote é nordestino ele usa das sextilhas, com rimas em ABCBDB. A prosa também aparece em 10 das quase 50 páginas que contam a aventura. Galopa ao lado de Lancelote em terras inglesas, é envolta no feitiço de Morgana e encontra com Lampião em pleno sertão potiguar. A poesia retoma seu lugar e, a exemplo dos grandes duelos da Literatura de Cordel, difama o adversário, conta vantagens, desemboca em desafio. O que vem daí? Dicas da cultura popular medieval e nordestina. Um duelo sem fim onde o leitor sai ganhando sempre. Ops... quase sempre!!! Para que o trabalho de Fernando Vilela coubesse num livro, a editora apostou num formato ousado. Capa dura, cores especiais e um tamanho fora dos padrões (70cm x 24cm o livro aberto). Este cuidado deixou o livro a um custo acima da média (R$ 49,00). É, também, um objeto frágil. Com todo o cuidado que empreendi para sua leitura, fui surpreendido por um afastamento entre as páginas 16 e 17. O livro não manteve sua integridade numa primeira leitura feita por um adulto. Imagine nas mãos de uma criança!!! É para ser manuseado com extremo cuidado.
Devo desculpas a Fernando Vilela. Quando estivemos com ele em maio na entrega dos Prêmios da FNLIJ eu estava encantado com seu trabalho no livro-imagem A Toalha Vermelha e pequei por ignorância. Achei – sem ter lido – que Lampião e Lancelote seria um trabalho menor. Que nada!!! Lampião e Lancelot é um grande livro. Por suas proporções desafiadoras para um livro infantil. Pelo espetacular trabalho gráfico merecidamente premiado. Pelo texto cuidadoso, repleto de poesia e história. Se você, como eu, já encontrou com este livro e achou que ele seria apenas um livro lindo, entregue-se também aos prazeres escondidos em suas palavras. É nelas que Fernando Vilela faz seus melhores desenhos. É a literatura de cordel tratada com esmero. Um susto nos sentidos! Uma beleza que esconde sua melhor qualidade: ser uma ótima história para crianças de todas as idades!!!
Deixo aqui um petisco para abrir o apetite de vocês:

De um velho mandacaru
Tirou do miolo um cordel
Invocou o Santo Nás
Que movimentou o céu
Abriu um oco no centro
E pôs todo mundo dentro
Destas folhas de papel

Por fim, caso você tenha uma queda por temas medievais, pelejas e cordéis, procure nos sebos ou nas feiras populares o livreto A Batalha de Oliveiros com Ferrabraz. São 101 décimas do paraibano Leandro Gomes de Barros, considerado o poeta maior da Literatura de Cordel, narrando um embate entre franceses e turcos. Uma leitura prazerosa e sem desculpas.

20 mil pageloads...

Queridos amigos, em junho deste ano comemoramos 10 mil page loads em 13 meses de blog. Naquela data, publiquei um post falando da nossa felicidade de termos um público querido dividindo nossas felicidades e angústias acerca do universo cultural infantil. Lógico que o alvo principal é dividirmos as conquistas do projeto que desenvolvemos na Ceilândia, mas as dicas de livros e outros assuntos têm conquistado novos amigos neste mundo virtual. Três meses depois, mais uma vez num domingo, surpreendentemente, atingimos a marca de 20 mil pageloads. Isso nos dá a idéia de umj público crescente a fim de descobrir, discutir, compartilhar as nuances da literatura infantil e as possibilidades de multiplicar o prazer da leitura seja com seus filhos, seja com outras crianças.
Obrigado pela visita. A casa é nossa. Sejam bem vindos e tragam os amigos. That's all, folk's!

O Liber Scintillarum / O Livro das Cintilações / O Livro das Fagulhas, de Defensor de Ligugé

1. As antologias e o projeto pedagógico da Primeira Idade Média

A Idade Média define-se - como escreveu Hegel - como uma dualidade (bárbaros/romanos) de povos, de línguas e de culturas.

A partir do século IV, os bárbaros, triunfantes povos jovens e analfabetos, instalaram-se no espaço (geográfico e cultural) que fora ocupado pelo Império Romano no Ocidente, deparando com a cultura romana, certamente muito mais refinada, diante da qual podiam adotar diferentes atitudes, desde o desprezo e o esquecimento até a imitação e assimilação da língua, da tradição e da religião dos romanos.

Pedagogicamente, aquilo que se chamou Escolástica foi, em boa medida, o projeto bárbaro de aprendizagem do saber antigo. Dado o gap cultural, esse projeto pedagógico não teve, no início, a menor pretensão de originalidade. Tratava-se, antes (nos dois sentidos da palavra), de aprender, acriticamente, os rudimentos de uma língua nova, de um novo modo de ser e pensar.

Se essa experiência de "aprender de aprendiz" não trouxe nenhuma contribuição significativa para as ciências e disciplinas estudadas na época, pelo menos (e não é pouco!) possibilitou que elas se conservassem num estado mais ou menos precário até o surgimento, no século XII, de melhores circunstâncias para o desenvolvimento cultural e artístico, e para a criação de um pensamento original.

Assim, numa situação sócio-cultural não muito animadora, o pensamento teológico e filosófico da Primeira Idade Média conseguiu produzir os livros de Sentenças, simples compilações de frases dos Padres e escritores antigos que, no entanto, salvavam o substancial da herança da civilização greco-latina. Somente a partir do Renascimento do século XII, essas compilações foram dando lugar a interpretações globais em sínteses pessoais: as Sumas.

Curiosamente, vemos hoje reaparecer nas nossas livrarias esse antiqüíssimo Liber Sententiarum, o livro de sentenças, na forma de livros-folhinha, livros-agenda, "pílulas de otimismo", "reflexões em gotas" etc. Tal como os bárbaros de ontem, os de hoje intuem que é preciso retornar às fontes, "resgatar" o que no passado tem valor em si mesmo.

Nosso barbarismo, porém, tem suas características próprias. O mundo pós-moderno está ávido de sabedorias, mas que sejam descartáveis, adequadas a um pensamento circunstancialista e assumidamente claudicante. Muitas vezes presos à nossa mentalidade minimalista e consumista, preferimos o interessante ao invés da verdade das coisas; queremos o produto cultural da moda ao invés de reencontrar a perspectiva religiosa de quinze, de vinte séculos atrás, cuja preocupação fundamental era saber relacionar-se com Deus, com o próximo... e consigo mesmo.

É extremamente interessante voltar a ler as antologias de sentenças daquele início de Idade Média, nas quais se retratam ideais, vivências e, até mesmo, preconceitos e "cacoetes" da época, mas, sobretudo, uma contrastante lição de vida e de sabedoria que, talvez, também poderá ser útil para nós.

2. O Liber Scintillarum e seu autor nos quadros da Pedagogia medieval

Uma das primeiras e mais marcantes dessas antologias é o Liber Scintillarum, Livro das Cintilações ou, mais literalmente, Livro das Fagulhas, escrito em torno do ano 700( [1] ) por Defensor de Ligugé, monge do mosteiro de São Martinho de Ligugé( [2] ).

O Livro das Cintilações foi muito apreciado ao longo de toda a Idade Média e praticamente todas as bibliotecas da época possuíam seu exemplar (chegaram até nós mais de 350 manuscritos!).

A palavra scintilla - fagulha, chispa, cintilação, faísca - aparece na Bíblia ( [3] ), empregada literal e figurativamente, sete vezes:

- no Eclesiástico (11,34 e 42,23), significando um pequeno princípio que dá origem a algo muito maior: "De uma simples fagulha, acende-se um fogo grande..." (e assim também a língua do homem insidioso...), ou simples amostra de algo imenso: "Quão desejáveis são as Suas obras! O que delas se vê é como uma centelha!";

- em Isaías (1,31): "O homem forte virá a ser como a estopa, e a sua obra como uma centelha; ambos arderão juntos e não haverá ninguém que os possa apagar";

- em II Sam 14,7 como metáfora de descendência, o filho que passa adiante o nome do pai;

- no livro da Sabedoria (2,2 ; 3,7 e 11,19), aparece no sentido literal e, figurativamente, como algo insignificante, mas também como o resplendor da ressurreição dos justos: "No tempo em que Deus os visitar, resplandecerão e correrão como fagulhas no meio da palha" (3,7).

É natural, portanto, que scintilla, evocando o fogo vivo da vida do espírito, seja a metáfora usada por Defensor para as breves sentenças de sabedoria que recolhe da Sagrada Escritura e dos Padres da Igreja. Diz Defensor em seu Prólogo:

"Assim como do fogo procedem centelhas, assim também fulgem, extraídas das Escrituras, estas breves sentenças neste livro de cintilações".

Defensor sabe que seus contemporâneos não têm condições (acesso psicológico e mesmo físico) de estudar em profundidade as obras dos antigos; todo seu esforço pedagógico se concentra, pois, em apresentar, resumida e fragmentariamente, uma seleção desses autores. E este é o ponto em que a problemática pedagógica medieval revela-se atualíssima, no mundo e no Brasil. Quem lê e compreende hoje Platão, Virgílio, Dante, Agostinho, Jerônimo?

Se o problema pedagógico de hoje aproxima-se do da Idade Média, a solução daquela época também não é descabida para nosso tempo: já que é impossível propor para grande número de alunos o estudo aprofundado dos clássicos, demos-lhes - tal como na Primeira Idade Média - traduções de trechos selecionados, demos-lhes fagulhas (e sempre há a possibilidade de uma humilde fagulha provocar um grande incêndio...).

Defensor, realista, assume completamente essa Pedagogia e diz no Prólogo do Liber Scintillarum:

"Quem quiser ler este livro, poupar-se-á trabalho; que não se canse pelo caminho das outras páginas: aqui encontrará o que deseja."

Defensor não nos diz explicitamente o objetivo de seu livro (para quê o leitor "deseja encontrar" essas cintilações?), mas podemos supor que seria utilizado por pregadores, em busca de argumentos para seus sermões; por mestres espirituais, em busca de inspiração para a direção de almas, e por pessoas desejosas de encontrar orientação para o crescimento no cultivo da ascética cristã.

3. Estrutura e conteúdo do Liber Scintillarum

O livro compõe-se de 2.494 cintilações, breves sentenças, divididas em 81 capítulos. Há, em média, portanto, 30 sentenças para cada tema da vida espiritual (há alguns capítulos, como "A ligação com Deus", com apenas 5 sentenças e outros, como "A sabedoria", com 111). O tom de cada capítulo é já anunciado pela primeira sentença selecionada, sempre com a forma: "Disse o Senhor no Evangelho..."

Dessas sentenças, em geral, cerca da metade procede da Sagrada Escritura, sobretudo do Antigo Testamento, e particularmente do Eclesiástico ( [4] ) e dos Provérbios ( [5] ). A outra metade é escolhida das obras de (ou, na época, atribuídas a) S. Isidoro de Sevilha ( [6] ), S. Gregório Magno ( [7] ), S. Jerônimo ( [8] ) e de S. Agostinho ( [9] ). Menos freqüentes são as citações de: Ambrósio, Anastásio, Basílio, Cassiano, Cesário de Arles, Clemente, Cipriano, Efrém o Sírio, Eusébio, Hilário, Josefo, Orígenes e da Vidas dos Padres.

Os 81 temas selecionados por Defensor para capítulos de seu livro são, por exemplo: o amor, a paciência, o amor a Deus e ao próximo, a humildade, o perdão, a avareza, as virtudes, os vícios, as palavras ociosas, a brevidade da vida presente etc.

Muitos destes temas são cumulativos e se interpenetram, como, por exemplo, os capítulos I e III ("O amor" e "O amor a Deus e ao próximo", respectivamente). E, algumas vezes, Defensor chega a repetir a mesma sentença em capítulos distintos, como é o caso, por exemplo, da seguinte cintilação: "Disse Jerônimo: <>", que integra o capítulo I ("O amor") e reaparece no capítulo LXIV ("A amizade e a inimizade").

Se a composição de um livro de sentenças não tem (nem pretende ter) originalidade, Defensor, no entanto, não deixa de imprimir sua marca pessoal ao selecionar e distribuir por capítulos as cintilações. Assim, por vezes, o leitor surpreende-se com inesperadas colocações, algumas extremamente sugestivas.

Tomemos, por exemplo, a sentença: "Disse o Senhor no Evangelho: 'A quem muito foi dado, muito ser-lhe-á pedido' (Lc 12,48)". Defensor a situa não em temas como "O exemplo", "Os que governam", ou "Os ricos", mas, sim, como abertura do último capítulo: "As leituras"! E a exortação a não temermos ameaças e a não nos alterarmos por elogios vem no capítulo sobre os juízes e os governantes (capítulo LXXII)...

Do mesmo modo, a fala do Senhor "O homem bom, do bom tesouro de seu coração, tira o que é bom; o homem mau, o que é mau" (Mt 12,35) é, genialmente, posta como abertura do capítulo "O silêncio"!

4. Algumas dificuldades para o leitor de hoje

Destaco três dificuldades especiais que o leitor poderá enfrentar ante uma obra como o Livro das Cintilações:

1. A pouca familiaridade (intelectual e vivencial) que o homem de hoje tem com a temática ascética e espiritual cristã, faz com que se tornem simplesmente incompreensíveis certos pressupostos e afirmações que, para os antigos, eram evidentes. Como quando, por exemplo, no capítulo X ("O jejum") Defensor recolhe a sentença: "Disse Isidoro: <>".

A compreensão (e não me refiro só à compreensão intelectual) dessa advertência pressupõe um saber (também ele não apenas racional) sobre o que é jejuar e as relações do jejum com as disposições do coração. Pressupõe, inicialmente, experiências ascéticas - a anos-luz de distância da consciência pós-moderna - como a descrita pelo salmo: "Eu me humilhava com jejum e minha oração voltava a meu peito" (Sl 35,13). E a revelação de Deus: "Não continueis a jejuar deste modo (jejum com injustiça), se quereis que vossa voz seja ouvida nas alturas" (Is 58,4). Além do mais, pressupõe a oposição homo exterior/homo interior, familiar aos leitores do século VII mas que atualmente poderá soar incompreensível. Trata-se da distinção feita pelo Apóstolo: "Por isto não nos deixamos abater. Pelo contrário, embora em nós, o homem exterior vá caminhando para a sua ruína, o homem interior se renova dia a dia" (II Cor 4,16).

2. Os 1.300 anos que nos separam da obra impuseram dificuldades semânticas, sobretudo no que se refere ao léxico da ascética e da espiritualidade. Muitas palavras originais desse vocabulário - na época cheias de vida, vigor e sentido - hoje nada significam ou tiveram seu sentido restringido, distorcido, ou confinado à linguagem erudita. É o caso, por exemplo, de caritas, caridade: o amor (em todas as suas dimensões) a Deus e ao próximo por Deus. A "caridade" está hoje reduzida ao âmbito da compaixão assistencialista. Por esta razão, traduzimos já o título do capítulo I, De Caritate, por "O amor".

3. Como se sabe, uma constante da época medieval é a especial atenção ao caráter alegórico. Não só a Escritura, mas também as realidades do mundo encerram, muito freqüentemente, um sentido espiritual, para quem souber lê-las. Assim, por exemplo, quando se recolhe no capítulo "Os médicos" a sentença de Cipriano sobre o tratamento de feridas, na verdade é à cura da alma que ele se refere: "Disse Cipriano: <<É necessário abrir a ferida, cortá-la, expelir o pus e aplicar-lhe remédio forte. O doente, que mal suporta a dor, grita e vocifera; mas, depois, ao recobrar a saúde, agradecerá>> (De lapsis, 14; PL 4, 447-448)". Do mesmo modo, não é a práticas medicinais que Jerônimo se refere, quando diz: "Podridão da carne se trata a ferro e fogo", cintilação que pertence ao capítulo "A penitência".

5. Algumas características da presente antologia

A apresentação ao leitor brasileiro desta seleção de 265 sentenças do Livro das Cintilações traz uma pequena amostra dos ideais propostos na época.

Os critérios que guiaram a seleção dessas sentenças foram diversos. Em alguns casos, prevaleceu a agudeza da formulação. É o caso desta inquietante intuição, incluída em "O perdão": "Disse Anastásio: <>". O mesmo ocorre com a aguda advertência psicológica de que tendemos a projetar nos outros os nossos próprios defeitos: "Disse Jerônimo: <>" ("A vida alheia"). Nesta mesma linha, situa-se a seca ironia ante quem professa estar desprendido de qualquer busca de glória mas, na verdade, reclama elogios: "Disse Jerônimo: <>" ("A vanglória").

Em outros casos, o critério guiou-se pela busca da caracterização da visão-de-mundo da época; em outros ainda, pela tentativa de apresentar um resumo do espectro semântico abrangido por determinado conceito. No início de diversos capítulos, sobretudo nos que contêm maior quantidade de sentenças, mantive a cintilação inicial, procedente do Evangelho ( [10] ). De resto, salvo ocasionais amostras exemplificatórias, preferi selecionar maior proporção de sentenças dos Padres da Igreja, por ser a Bíblia muito menos ignorada pelo leitor contemporâneo do que os escritos patrísticos.

O capítulo XV, "A inveja", é intencionalmente mais completo, aproximando-se da versão integral. No capítulo XXIV, "A tolice", recolhem-se 7 sentenças do livro dos Provérbios, reproduzindo o extraordinário destaque que, por vezes, o autor dá aos livros sapienciais vetero-testamentários: deles procedem, por exemplo, 33 das 48 sentenças do capítulo XVI.

O texto latino utilizado para a presente tradução é o estabelecido por H-M. Rochais, O.S.B. ( [11] ) (ele próprio um monge do mesmo mosteiro de Ligugé!), sem dúvida o maior conhecedor contemporâneo do Liber Scintillarum. Após cada sentença patrística selecionada, vem a indicação do original ( [12] ), que o leitor familiarizado com as fontes medievais reconhecerá facilmente ( [13] ).

As 265 sentenças aqui selecionadas distribuem-se do seguinte modo: Evangelhos (36), Epístolas de Paulo (14), outros livros neo-testamentários (7), Eclesiático (15), Provérbios (13), outros livros vetero-testamentários (2), Agostinho (28), Gregório (39), Isidoro (51), Jerônimo (46), Orígenes (1), Anástasio (1), Cipriano (6), Ambrósio (3), Basílio (3).

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sábado, 22 de setembro de 2007

Firimfimfoca...

Você ainda não sabe o que é?
Firimfimfoca!!! Firimfimfoca!! Firimfimfoca!
Está nascendo... roendo a casca.
Aguarde as cenas dos próximos capítulos!!!

Os Guardiões da Terra Santa (em “Símbolos da Ciência Sagrada”), de René Guénon

Entre as atribuições das ordens de cavalaria, e mais em particular dos Templários, umas das mais
conhecidas, mas nem por isso em geral bem compreendidas, é a de "guardiões da Terra Santa". Seguramente,
se nos prendermos ao sentido mais exterior, encontraremos uma explicação imediata desse fato na conexão
existente entre a origem dessas ordens e as Cruzadas, pois, tanto para os cristãos, quanto para os judeus,
parece que a "Terra Santa" nada mais designa que a Palestina. No entanto, á questão torna-se mais complexa
quando se sabe que diversas organizações orientais, cujo caráter iniciático não pode ser colocado em dúvida,
como os Assacis e os Drusos, receberam também o título de "guardiões da Terra Santa". Aqui, de fato, náo
mais se trata da Palestina, mas é no entanto notável que essas organizações apresentem um grande número de
traços comuns com as ordens de cavalaria ocidentais, com as quais algumas delas chegaram historicamente a
estabelecer relações.
Cabe, assim, nos perguntarmos o que se deve entender, na realidade, por "Terra Santa", e ao que
corresponde exatamente o papel de "guardiões", que parece ligado a um determinado gênero de iniciação, que
se poderia denominar "cavaleiresco", desde que déssemos a esse termo uma extensão mais ampla do que se
entende comumente, mas que as analogias existentes entre as diferentes formas bastam para legitimá-lo.
Já demonstramos em outras partes, em particular no estudo sobre O Rei do Mundo, que a expressão
"Terra Santa" tem um certo número de sinônimos: "Terra Pura", "Terra dos Santos", "Terra dos Bemaventurados",
"Terra dos Viventes", "Terra da Imortalidade", e que essas designações equivalentes são
encontradas nas tradições de todos os povos. Essencialmente, elas sempre se aplicam a um centro espiritual,
cuja localização numa determinada região pode, segundo o caso, ser entendida literal ou simbolicamente, ou
nos dois sentidos ao mesmo tempo. Toda "Terra Santa" é também designada por expressões como "Centro do
Mundo" ou "Coração do Mundo", o que exige algumas explicações, pois essas designações uniformes, ainda
que diversamente aplicadas, poderiam com facilidade provocar certas confusões.

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sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Os sonhos: O Que São e Quais as Suas Causas / O Que São e as Suas Causas / O Que São E Como São Causados, C.W. Leadbeater / Charles Webster Leadbeater

Introdução

Muitos dos assuntos com que entramos em contato em nossos estudos Teosóficos são tão distantes das experiências e interesses da vida cotidiana, que ao mesmo tempo em que nos sentimos inclinados para eles por uma atração que cresce em progressão geométrica à medida que os conhecemos e entendemos melhor, ainda somos conscientes, no fundo de nossas mentes, por assim dizer, de um vago senso de irrealidade, ou pelo menos de impraticidade, quando tratamos deles. Quando lemos sobre a formação do sistema solar, ou mesmo sobre os anéis e rondas de nossa cadeia planetária, não podemos senão sentir que, por interessantes que sejam como estudos abstratos, úteis por nos mostrarem como o homem tornou-se o que vemos que é, não obstante se relacionam só indiretamente com a vida que estamos vivendo aqui e agora.

Nenhuma objeção deste tipo, contudo, pode ser lançada contra nosso assunto atual: todos os leitores destas linhas já sonharam — provavelmente muitos deles têm o hábito de sonhar com freqüência; e podem portanto estar interessados numa tentativa de elucidação do fenômeno onírico com da ajuda da luz que lhes lançam as investigações ao longo de linhas Teosóficas.

O método mais conveniente pelo qual podemos ordenar as várias ramificações de nosso assunto talvez seja o seguinte: primeiro, considerarmos muito cuidadosamente o mecanismo — físico, etérico e astral — por meio do qual impressões são transmitidas à nossa consciência; segundo, vermos como a consciência por sua vez afeta e utiliza este mecanismo; terceiro, verificarmos a condição tanto da consciência como de seu mecanismo durante o sono; e quarto, pesquisar como os vários tipos de sonho que o homem experimenta são portanto produzidos.

Como escrevo principalmente para estudantes de Teosofia, posso sentir-me livre para usar, sem explicação detalhada, os termos Teosóficos usuais, com os quais seguramente posso presumir que estejam familiarizados, uma vez que de outra forma meu livreto excederia em muito seus limites planejados. Se este, porventura, cair nas mãos de alguém para quem o uso ocasional destes termos constitui uma dificuldade, só posso desculpar-me, e indicar-lhe para estas explicações preliminares qualquer trabalho Teosófico básico, como The Ancient Wisdom (A Sabedoria Antiga), ou Man and his Bodies (O Homem e seus Corpos), de A. Besant.

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quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sábado, Sorrisos, Poeira e Livros...

Ansiosos e saudosos eu e Tino nos juntamos ao Célio, Edna e Juliana para mais um encontro com as crianças na Ceilândia. Foram duas semanas de recesso e estávamos movidos pelas novidades que tínhamos a apresentar: livros novíssimos doados diretamente do Rio de Janeiro, além de algumas aquisições que fizemos em sebos (falo disso noutro post).
Na sala de contação, Juliana arregalou os olhos e a curiosidade da turma contando No Sítio (Marie Albinais, Scipione) divertindo a todos desdobrandos aquelas páginas incríveis com bichos em tamanho natural. Outras histórias se seguiam enquanto eu e Célio ensinávamos o KIRIGAMI para as crianças. Esta é uma técnica que mistura dobradura com recortes e, naquele sábado, as crianças produziram vários papéis rendados que montarei em breve num painel que ficará exposto na sala de artes. Enquanto isso, o cheirinho do cachorro-quente (lanche patrocinado por nossa querida amiga Ana Rita) estava tomando conta de todos os espaços. É que a Néia faz mágicas na cozinha da Pró-Gente. Tudo fica muito mais gostoso, cheiroso, colorido. Foi um lanche daqueles!!!
Foi aí que resolvi dar prosseguimento a mais uma etapa do projeto Roedores de Livros. Munida de 30 novos livros para o acervo do Projeto, fui apresentando um por um e instigando o desejo das crianças por novas histórias. Até então, os livros pop-ups eram os campeões de saída. Nada mal. Já serviria como um ótimo começo para que as sacolas ficassem cheias. A partir desta semana resolvemos que além de contar histórias, vamos destacar alguns livros (e graças, estamos com bons títulos por lá – sempre precisando de mais). Apresentá-los às crianças. Elas terão sempre o livre arbítrio de escolher qual livro levar para casa. E, com as dicas, vão se interessar por novas histórias. Deu certo neste primeiro dia. Tínhamos três A Mula Sem Cabeça que saíram galopando nas sacolas. Contos de Enganar a Morte já está com três reservas para as próximas semanas!!! O Príncipe Sem Sonhos e A Princesa Tiana e o Sapo Gazé além do Quem tem medo de quê foram disputadíssimos. Não pude esconder meu riso solto no meio daquela poeira seca e vermelha que, de tantos redemoinhos, deveria ser uma sacizada. Na Ceilândia, meninos vêm e vão carregados de livros toda manhã de sábado. É uma pequena mágica que fazemos misturando vontade, livros, cachorros-quente, gente, paciência, crianças e fantasia.
Para finalizar, a Edna anotava os livros que foram escolhidos e guardava-os nas sacolas que viajariam certamente naquela mesma tarde pelo mundo não tão fantástico de cada um daqueles meninos que aprendemos a chamar de nossos. Da sala de leitura, ouviam-se as vozes: Tino matava a saudade cantando com os meninos: - Eu vou pra Maracangalha!!! Eu vou... Nós vamos! Com Amália, Jaderson, Wanessa, Guilherme, Deysiane e tantos outros... de chapéu de palha, uniforme branco e sacola com livros!!! Hatuna Matata!

Vida Coetânea, de Raimundo Lúlio / Ramon Llull

Em 1311, nas vésperas do Concílio de Viena, Ramón Llull conta a sua vida, presumivelmente aos seus amigos da Cartuxa de Vauvert. Mão anónima escreveu a Vida Coetânea, que permanece a fonte quase única para o conhecimento da biografia do Doutor Iluminado e, por conseqüência também desta Vida de Ramón. Thomas Le Myésier, ao reunir os textos lullianos para o Electorium que havia de entregar os manuscritos da Biblioteca de Vauvert, a que Ramón doara uma cópia de todas as suas obras.

Para a tradução, tomei por base a versão castelhana de Ana Maria Saavedra e Francisco Samaranch, usando a latina para tirar dúvidas e a catalã para suavizar a estrutura demasiado rígida da tradução castelhana, ela mesma feita muito junto à letra do original latino.

Os textos latino e catalão da Vita Coetanea encontram-se em Ramón Llull, Obras Literárias, edição preparada e anotada por Miguel Battlori e Miguel Caldentey (BAC, 1948).

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quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Os Mistérios da Lemúria e da Atlântida (capítulo 2 do livro O Projeto Terra), de Laércio B. Fonseca

Os antigos continentes da Lemúria e da Atlântida como palco das primeiras encarnações das almas humanas na Terra. A grande civilização da Atlântida e sua avançada tecnologia e como ocorreu a grande catástrofe que expurgou milhões de almas. Os exilados de Capela.

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