Era eu um adolescente à redescoberta do prazer de ler, digo redescoberta porque por alturas do secundário li mais livros "impostos" pela matéria escolar do que pelo próprio prazer pela leitura, quando descobri um dos meus autores favoritos de sempre: Jorge Amado.
A escrita do brasileiro foi a faísca necessária para reacender esta minha paixão pelos livros, paixão essa que mantenho sempre forte até hoje. Quando algo me falta, quando necessito de um livro para me aconchegar com a sua história, escolho sempre uma obra de Jorge Amado, porque sei que ele não me falhará.
O seu Brasil amado, mas principalmente a sua Bahia natal, são os palcos favoritos para as suas histórias onde não falta o amor, a religião e as difíceis condições de vida dos seus conterrâneos, ou ele não fosse um dos escritores brasileiros mais activos politicamente. Embora nunca tivesse ido ao Brasil, posso dizer que já viajei por lá muitas vezes com a leitura das suas obras e fiquei a admirar o seu povo e a sua alegria transmitida pelos seus relatos apaixonados da sua terra.
É o autor mais adaptado da televisão brasileira, novelas como "Tieta", "Mar Morto", "Capitães de Areia" ou, a primeira telenovela transmitida para Portugal, "Gabriela, Cravo e Canela", saíram todas da pena do escritor baiano, o que revela a sua genialidade como grande romancista, genialidade essa esquecida, talvez por factos políticos, pela Academia Sueca que atribui o Prémio Nobel.
O meu livro favorito dele é mesmo o livro responsável pelo aparecimento da minha paixão pela sua escrita, "Os Capitães de Areia", onde ele relata, de forma dramática mas de uma beleza fantástica, as peripécias de um grupo de meninos abandonados nas ruas de S. Salvador.
Apenas uma curiosidade sobre a sua relação com o nosso país, Jorge Amado era um grande amigo de Portugal, principalmente de Viana do Castelo onde é mesmo " cidadão honorário", era visitante habitual por altura das Festas da Nossa Senhora da Agonia, sendo também um grande apreciador do "melhor pão-de-ló do mundo" do Sr. Natário, a quem deu o nome a uma personagem no romance "Tocaia Grande", uma pastelaria que ainda hoje continua a maravilhar os seus clientes com a sua, confirmo, maravilhosa doçaria tradicional.
Jorge Amado viveu uma história de amor, a também escritora Zélia Gattai, tão intensa e maravilhosa como muitas daquelas que transportou para as suas obras. Um dos seus últimos desejos era que o seu corpo fosse cremado e as suas cinzas fossem espalhadas em torno de uma árvore na sua residência, na Rua das Alagoinhas. A sua mulher fez-lhe a vontade e confessava que todos os dias falava e continuava a ler para ele como em muitos momentos nas suas vidas. Hoje as cinzas de ambos repousam como sempre estiveram na vida, lado a lado.
Para conhecer mais sobre o autor consultar:
Página na Wikipédia- http://pt.wikipedia.org/wiki/Jorge_Amado
Site oficial da sua Fundação - http://www.fundacaojorgeamado.com.br/
Nota: Não posso deixar de agradecer à Canochinha, de quem partiu o convite, e à Cristina a oportunidade que me dão para colaborar neste blog que acompanho desde o seu inicio. Pela minha parte, prometo dedicação, vontade de ajudar, esperando que apreciem, elas e leitores do blog, a minha presença como colaborador. Tudo em nome desta nossa paixão pelos livros.